Mudanças entre as edições de "Conservação das espécies conhecidas"

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Ela  busca estudar e compreender os processos ecológicos que sustentam a biota, as interações entre os organismos e o ambiente em que vivem, bem como os impactos da ação humana sobre as espécies, comunidades e ecossistemas. Com base nesse conhecimento, são desenvolvidas estratégias e técnicas para proteger e restaurar os ecossistemas, prevenir a extinção de espécies e manter a diversidade biológica.
Ela  busca estudar e compreender os processos ecológicos que sustentam a biota, as interações entre os organismos e o ambiente em que vivem, bem como os impactos da ação humana sobre as espécies, comunidades e ecossistemas. Com base nesse conhecimento, são desenvolvidas estratégias e técnicas para proteger e restaurar os ecossistemas, prevenir a extinção de espécies e manter a diversidade biológica.


Essa ciência surgiu na década de 1980, embora os princípios e conceitos que a fundamentam tenham raízes em trabalhos anteriores. Antes desse período, a conservação da natureza era amplamente baseada em aspectos legais e políticos, com ênfase na criação de áreas protegidas e legislação ambiental. No entanto, à medida que a compreensão sobre a perda de biodiversidade e os impactos das atividades humanas nos ecossistemas aumentou, a necessidade de uma abordagem científica mais abrangente e baseada em evidências tornou-se evidente. Portanto, a Biologia da Conservação é uma ciência que se desenvolveu em resposta à crise global com a qual a diversidade biológica se confronta1 (Rodrigues e Primak, 2001).
Essa ciência surgiu na década de 1980, embora os princípios e conceitos que a fundamentam tenham raízes em trabalhos anteriores. Antes desse período, a conservação da natureza era amplamente baseada em aspectos legais e políticos, com ênfase na criação de áreas protegidas e legislação ambiental. No entanto, à medida que a compreensão sobre a perda de biodiversidade e os impactos das atividades humanas nos ecossistemas aumentou, a necessidade de uma abordagem científica mais abrangente e baseada em evidências tornou-se evidente. Portanto, a Biologia da Conservação é uma ciência que se desenvolveu em resposta à crise global com a qual a diversidade biológica se confronta.<ref>(Rodrigues e Primak, 2001)</ref>


Segundo Kolbert (2015), há evidências de que a Terra está no início do sexto grande episódio de extinção em massa da biodiversidade desde que a vida na Terra surgiu, sendo o primeiro evento desse tipo a ser causado inteiramente por seres humanos.2 Existem pesquisadores que acreditam que os números de espécies extintas estejam subnotificados e defendem que nós não estamos no começo, mas no meio da sexta extinção em massa da Terra3 (Cowie et al., 2022).
evidências de que a Terra está no início do sexto grande episódio de extinção em massa da biodiversidade desde que a vida na Terra surgiu, sendo o primeiro evento desse tipo a ser causado inteiramente por seres humanos.<ref>Kolbert (2015)</ref> Existem pesquisadores que acreditam que os números de espécies extintas estejam subnotificados e defendem que nós não estamos no começo, mas no meio da sexta extinção em massa da Terra.<ref>Cowie, R. H., Bouchet, P., & Fontaine, B. (2022). The Sixth Mass Extinction: fact, fiction or speculation?. Biological reviews of the Cambridge Philosophical Society, 97(2), 640–663. <nowiki>https://doi.org/10.1111/brv.12816</nowiki></ref>


2. Por que conservação das espécies ‘conhecidas’? Existem espécies que não conhecemos?
'''Por que conservação das espécies 'conhecidas’? Existem espécies que não conhecemos?'''


Em um importante estudo conduzido por Mora et al. (2011), é especulado que existam cerca de 8,7 milhões de espécies eucarióticas ao redor do mundo, sendo quase um quarto (2,2 milhões) composto por espécies marinhas. Neste mesmo estudo, os autores sugerem que aproximadamente 86% das espécies terrestres e 91% das espécies marinhas ainda não foram descobertas pelo ser humano4 (Mora et al., 2011).
É especulado que existam cerca de 8,7 milhões de espécies eucarióticas ao redor do mundo, sendo quase um quarto (2,2 milhões) composto por espécies marinhas. <ref>Mora, C., Tittensor, D. P., Adl, S., Simpson, A. G., & Worm, B. (2011). How many species are there on Earth and in the ocean?. PLoS biology, 9(8), e1001127. <nowiki>https://doi.org/10.1371/journal.pbio.1001127</nowiki></ref> Neste mesmo estudo, os autores sugerem que aproximadamente 86% das espécies terrestres e 91% das espécies marinhas ainda não foram descobertas pelo ser humano.


Mas se ainda não foram descobertas, como sabemos que elas existem? De forma simplificada, para responder esta pergunta, os pesquisadores usaram dados de todas as espécies de organismos catalogadas até aquele presente momento e selecionaram os gêneros e famílias de espécies que estavam mais completas. Além disso, compararam esses dados com a taxa crescente de novas espécies descobertas dos últimos 20 anos, que atingiram, em média, 6200 novas espécies descobertas ao ano. Com isso, criam algoritmos estatísticos complexos para extrapolar os dados encontrados para todas as espécies ao redor do globo.
Mas se ainda não foram descobertas, como sabemos que elas existem? De forma simplificada, para responder esta pergunta, os pesquisadores usaram dados de todas as espécies de organismos catalogadas até aquele presente momento e selecionaram os gêneros e famílias de espécies que estavam mais completas. Além disso, compararam esses dados com a taxa crescente de novas espécies descobertas dos últimos 20 anos, que atingiram, em média, 6200 novas espécies descobertas ao ano. Com isso, criam algoritmos estatísticos complexos para extrapolar os dados encontrados para todas as espécies ao redor do globo.
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Além disso, é notável a dificuldade de se rastrear espécies que vivem dentro do solo terrestre, ou em regiões marinhas profundas, adicionando uma camada a mais de dificuldade para a descoberta de novas espécies. Por este motivo, as estimativas sugerem que conhecemos somente 9% de todas as espécies marinhas existentes neste planeta.
Além disso, é notável a dificuldade de se rastrear espécies que vivem dentro do solo terrestre, ou em regiões marinhas profundas, adicionando uma camada a mais de dificuldade para a descoberta de novas espécies. Por este motivo, as estimativas sugerem que conhecemos somente 9% de todas as espécies marinhas existentes neste planeta.


2. Por que conservar as espécies marinhas?
'''Por que conservar as espécies marinhas?'''


Todas as formas de vida têm um valor intrínseco e merecem ser preservadas simplesmente pelo fato de existirem. As espécies marinhas têm diversidade única, e cada uma delas tem o direito de existir e desempenhar seu papel no mundo natural. A conservação das espécies marinhas é essencial para proteger a vida nos oceanos, garantir o bem-estar humano e preservar a saúde dos ecossistemas marinhos para as gerações futuras. É uma responsabilidade coletiva cuidar e preservar este precioso patrimônio natural.  
Todas as formas de vida têm um valor intrínseco e merecem ser preservadas simplesmente pelo fato de existirem. As espécies marinhas têm diversidade única, e cada uma delas tem o direito de existir e desempenhar seu papel no mundo natural. A conservação das espécies marinhas é essencial para proteger a vida nos oceanos, garantir o bem-estar humano e preservar a saúde dos ecossistemas marinhos para as gerações futuras. É uma responsabilidade coletiva cuidar e preservar este precioso patrimônio natural.  
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Portanto, a conservação das espécies marinhas é essencial para proteger a vida nos oceanos, garantir o bem-estar humano e preservar a saúde dos ecossistemas marinhos para as gerações futuras.
Portanto, a conservação das espécies marinhas é essencial para proteger a vida nos oceanos, garantir o bem-estar humano e preservar a saúde dos ecossistemas marinhos para as gerações futuras.


3. Conservação Ex-situ e In-situ
Conservação Ex-situ e In-situ


De forma simplificada, existem duas estratégias principais de conservação de espécies: in-situ e ex-situ. A conservação in-situ visa preservar a espécie em seu habitat natural. É a melhor estratégia para proteção a longo prazo da diversidade biológica, pois é somente na natureza que as espécies são capazes de continuar o processo de adaptação dentro de suas comunidades naturais. Entretanto, pode não ser eficiente para conservar espécies com populações pequenas e que exigem grandes espaços (Ex. baleias).
De forma simplificada, existem duas estratégias principais de conservação de espécies: in-situ e ex-situ. A conservação in-situ visa preservar a espécie em seu habitat natural. É a melhor estratégia para proteção a longo prazo da diversidade biológica, pois é somente na natureza que as espécies são capazes de continuar o processo de adaptação dentro de suas comunidades naturais. Entretanto, pode não ser eficiente para conservar espécies com populações pequenas e que exigem grandes espaços (Ex. baleias).
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Em alguns casos, as estratégias de conservação in-situ e ex-situ são complementares e podem atuar como uma estratégia intermediária. Por exemplo, para a conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção pode-se utilizar estratégias in-situ, mantendo-se estas populações de animais em pequenas regiões de áreas protegidas. Ao mesmo tempo, estratégias ex-situ de intervenção e manejos humanos também podem ser aplicados ocasionalmente para evitar o declínio populacional da espécie.
Em alguns casos, as estratégias de conservação in-situ e ex-situ são complementares e podem atuar como uma estratégia intermediária. Por exemplo, para a conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção pode-se utilizar estratégias in-situ, mantendo-se estas populações de animais em pequenas regiões de áreas protegidas. Ao mesmo tempo, estratégias ex-situ de intervenção e manejos humanos também podem ser aplicados ocasionalmente para evitar o declínio populacional da espécie.


4. Tratados, convenções relacionados à proteção dos organismos e ecossistemas marinhos
'''Tratados, convenções relacionados à proteção dos organismos e ecossistemas marinhos'''


Existem vários tratados e convenções internacionais relacionados à proteção dos organismos e conservação de áreas de proteção marinha e de ecossistemas marinhos. Aqui estão alguns dos principais:
Existem vários tratados e convenções internacionais relacionados à proteção dos organismos e conservação de áreas de proteção marinha e de ecossistemas marinhos. Aqui estão alguns dos principais:
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