Mudanças entre as edições de "Ecossistemas costeiros"

Ir para navegação Ir para pesquisar
9 620 bytes adicionados ,  19h55min de 20 de junho de 2023
sem sumário de edição
 
(14 revisões intermediárias pelo mesmo usuário não estão sendo mostradas)
Linha 1: Linha 1:
A zona costeira corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, mar e terra, abrangendo uma faixa terrestre e uma marítima1. É na região costeira que se concentram as maiores cidades do planeta2, bem como a maior parcela da sua população3. Pelo fato de representar um ambiente de transição, os ecossistemas costeiros proporcionam diversos serviços a essas populações e, ao mesmo tempo, estão vulneráveis às atividades antrópicas4.  
A zona costeira corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, mar e terra, abrangendo uma faixa terrestre e uma marítima<ref>Gergling et al. Manual de ecossistemas: marinhos e costeiros para educadores. Santos, SP: Editora Comunnicar, 2016. Disponível em: <nowiki>https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/ManualEcossistemasMarinhoseCost</nowiki> eiros3.pdf. </ref>. É na região costeira que se concentram as maiores cidades do planeta<ref>Neumann, B.; Vafeidis, A. T.; Zimmermann, J.; Nicholls, R. J. 2015. Future coastal population growth and exposures to sea-level rise and coastal flooding – A global assessment. PLos ONE, 10, 3: e0118571. doi: 10.1371/journal.pone.0118571</ref>, bem como a maior parcela da sua população.<ref>He, Q; Silliman, B. R. 2019. Climate Change, Human Impacts, and Coastal Ecosystems in the Anthropocene, Current Biology, Volume 29, Issue 19, p. R1021-R1035, ISSN 0960-9822, <nowiki>https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.08.042</nowiki>.</ref> Pelo fato de representar um ambiente de transição, os ecossistemas costeiros proporcionam diversos serviços a essas populações e, ao mesmo tempo, estão vulneráveis às atividades antrópicas<ref>Gedan, K. B., Silliman, B. R., & Bertness, M. D. (2009). Centuries of Human-Driven Change in Salt Marsh Ecosystems. Annual Review of Marine Science, 1(1), 117–141. doi:10.1146/annurev.marine.010908.163930 </ref>.  


Entre os diversos ecossistemas que podemos encontrar no ambiente costeiro, temos: praias, costões rochosos, manguezais, marisma, recifes de corais, entre outros.
Entre os diversos ecossistemas que podemos encontrar no ambiente costeiro, temos: praias, costões rochosos, manguezais, marisma, recifes de corais, entre outros.


1. PRAIAS ARENOSAS


1.1 Definições


As praias são depósitos de sedimento inconsolidado, como areia e cascalho, formados na região entre terra e o mar ou outro corpo aquoso de grandes dimensões (rios, lagos) e que são retrabalhados por ondas, marés, ventos e correntes geradas por esses três agentes5 .
'''PRAIAS ARENOSAS'''


São ambientes muito dinâmicos que se ajustam às condições de ondas e maré, atuando como um importante elemento de proteção do litoral6. Além da proteção costeira para os ecossistemas adjacentes e de ser habitat para várias espécies animais e vegetais, as praias são muito importantes para diversas atividades urbanas, recreação e turismo.
As praias são depósitos de sedimento inconsolidado, como areia e cascalho, formados na região entre terra e o mar ou outro corpo aquoso de grandes dimensões (rios, lagos) e que são retrabalhados por ondas, marés, ventos e correntes geradas por esses três agentes.<ref>(Voigt, 1998)</ref>


1.2. Características gerais e classificações
São ambientes muito dinâmicos que se ajustam às condições de ondas e maré, atuando como um importante elemento de proteção do litoral. Além da proteção costeira para os ecossistemas adjacentes e de ser habitat para várias espécies animais e vegetais, as praias são muito importantes para diversas atividades urbanas, recreação e turismo.


De acordo com as características das ondas e dos processos costeiros, as praias podem ser classificadas em dissipativas*, reflexivas* e intermediárias*7 . Além disso, de acordo com o alcance das marés ao longo de um perfil transversal à linha de costa, as praias podem também ser classificadas em ambientes ou zonas chamadas de pós-praia ou <span style="color:blue" title="Zona que se estende desde o nível do mar durante a maré alta de sizígia até a base de uma falésia, duna, terraço marinho ou linha de vegetação permanente. Nessa área, ocasionalmente, ocorrem ondas de tempestade que podem formar uma berma de tempestade, atingir seu limite superior ou ultrapassá-lo.">supramaré </span>, estirâncio ou <span style="color:blue" title="É a zona da praia localizada entre o nível do mar durante a maré alta de sizígia e o nível do mar durante a maré baixa de sizígia. Os biólogos se referem a essa zona como zona intermaré ou entremarés.">entremarés</span>, face litorânea ou inframarés, <span style="color:blue" title="bla bla bla.">praia subaérea</span>, zona de surfe e arrebentação de ondas* e zona próxima à praia *8:
Características gerais e classificações
 
De acordo com as características das ondas e dos processos costeiros, as praias podem ser classificadas em <span style="color:blue" title="São mais comuns em áreas com grande energia de ondas e oferecem pouca proteção contra a erosão costeira. Praias desse tipo são amplas, com suave inclinação e extensas áreas de areia As ondas são longas e suaves, quebrando em uma zona de surf larga e inclinada. Há uma alta taxa de sedimentação, resultando em uma praia plana e extensa. A erosão é limitada e o transporte de sedimentos é predominantemente para a costa.">dissipativas</span>, <span style="color:blue" title="São comuns em áreas com baixa energia de ondas e frequentemente apresentam falésias e costões rochosos. A praia é estreita, com uma inclinação íngreme e uma zona de surf reduzida. As ondas são curtas e íngremes, quebrando perto da costa. A taxa de sedimentação é baixa e a praia é composta principalmente por sedimentos grossos. A erosão é mais pronunciada e os sedimentos são transportados para o mar.">reflexivas</span> e <span style="color:blue" title="Ocorrem em áreas com moderada energia de ondas e são mais comuns em muitas áreas costeiras. A praia tem uma largura moderada e uma inclinação intermediária. As ondas apresentam um equilíbrio entre a inclinação e a altura, quebrando de forma mais gradual. A taxa de sedimentação é moderada e a praia contém uma mistura de sedimentos finos e grossos. A erosão e o transporte de sedimentos são equilibrados.">intermediárias</span>.<ref>Wright, L.D. & Short, A.D. 1984. Morphodynamic variability of surf zones and beaches: a syntesis. Marine Geology, v.56, p.93-118.</ref> Além disso, de acordo com o alcance das marés ao longo de um perfil transversal à linha de costa, as praias podem também ser classificadas em ambientes ou zonas chamadas de pós-praia ou <span style="color:blue" title="Zona que se estende desde o nível do mar durante a maré alta de sizígia até a base de uma falésia, duna, terraço marinho ou linha de vegetação permanente. Nessa área, ocasionalmente, ocorrem ondas de tempestade que podem formar uma berma de tempestade, atingir seu limite superior ou ultrapassá-lo.">supramaré</span>, estirâncio ou <span style="color:blue" title="É a zona da praia localizada entre o nível do mar durante a maré alta de sizígia e o nível do mar durante a maré baixa de sizígia. Os biólogos se referem a essa zona como zona intermaré ou entremarés.">entremarés</span>, <span style="color:blue" title="É a zona que se estende desde o nível do mar durante a maré baixa de sizígia até o nível base de ação das ondas em condições de mar calmo. Também conhecida como zona inframaré por biólogos e geólogos que estudam ambientes de macromarés.">face litorânea ou inframarés</span>, <span style="color:blue" title="É a zona que vai desde o ponto da última quebra normal da onda na face da praia até o limite máximo de ação das ondas de tempestade. Inclui a pós-praia e parte do estirâncio. A posição da face da praia varia com as mudanças diárias e sazonais do nível médio do mar.">praia subaérea</span>, <span style="color:blue" title="É a zona que se estende desde a primeira linha de arrebentação de ondas até o ponto onde ocorre a última quebra da onda na face da praia.">zona de surfe e arrebentação de ondas</span> e <span style="color:blue" title="É a zona compreendida entre o nível base de ação das ondas em condições de mar calmo e a primeira linha de arrebentação de ondas. Nessa zona, ocorre o processo de empolamento de ondas (wave shoaling), que é caracterizado pela redução progressiva do comprimento de onda e aumento de sua altura, resultando na arrebentação das ondas.
">zona próxima à praia</span>.


A morfologia e a estrutura de uma praia podem mudar drasticamente, dependendo de fatores oceanográficos, meteorológicos/climáticos, geológicos e antrópicos. Os fatores oceanográficos abrangem as influências das ondas, marés e ventos, assim como as correntes geradas por cada um desses agentes.
A morfologia e a estrutura de uma praia podem mudar drasticamente, dependendo de fatores oceanográficos, meteorológicos/climáticos, geológicos e antrópicos. Os fatores oceanográficos abrangem as influências das ondas, marés e ventos, assim como as correntes geradas por cada um desses agentes.


Os fatores meteorológicos/climáticos exercem uma influência significativa nas variações do nível médio do mar (diárias, sazonais e de longo prazo) e na ação dos ventos e das ondas, interferindo nas características das correntes costeiras9.
Os fatores meteorológicos/climáticos exercem uma influência significativa nas variações do nível médio do mar (diárias, sazonais e de longo prazo) e na ação dos ventos e das ondas, interferindo nas características das correntes costeiras.<ref>Masselink, G., Hughes, M., & Knight, J. (2014). Introduction to coastal processes and geomorphology. Routledge.</ref>


Entre os vários fatores geológicos que atuam na zona costeira, os processos sedimentares são os mais relevantes para as praias, sendo responsáveis pelos ganhos (deposição) e perdas (erosão) de areia, determinando o seu balanço sedimentar. Os fatores antrópicos englobam as interferências humanas nos ecossistemas costeiros, modificando os demais fatores.
Entre os vários fatores geológicos que atuam na zona costeira, os processos sedimentares são os mais relevantes para as praias, sendo responsáveis pelos ganhos (deposição) e perdas (erosão) de areia, determinando o seu balanço sedimentar. Os fatores antrópicos englobam as interferências humanas nos ecossistemas costeiros, modificando os demais fatores.


1.3 Serviços ecossistêmicos
Serviços ecossistêmicos


As praias desempenham uma variedade de serviços ecossistêmicos* que são essenciais para o bem-estar das comunidades humanas e a saúde dos ecossistemas costeiros. Alguns dos principais serviços ecossistêmicos das praias incluem biodiversidade, proteção costeira, manutenção da qualidade da água costeira, ciclagem de nutrientes, recreação e turismo, entre outros.
As praias desempenham uma variedade de <span style="color:blue" title="São os benefícios diretos e indiretos que os ecossistemas fornecem aos seres humanos e à natureza como resultado das interações entre os organismos vivos, o ambiente físico e os processos naturais. Esses serviços são essenciais para a sobrevivência, o bem-estar e o desenvolvimento sustentável das sociedades.>serviços ecossistêmicos,</span> que são essenciais para o bem-estar das comunidades humanas e a saúde dos ecossistemas costeiros. Alguns dos principais serviços ecossistêmicos das praias incluem biodiversidade, proteção costeira, manutenção da qualidade da água costeira, ciclagem de nutrientes, recreação e turismo, entre outros.


As praias arenosas são habitats importantes para uma variedade de espécies de plantas e animais. Muitas espécies de aves, répteis, insetos e crustáceos dependem desse ambiente para alimentação, reprodução e abrigo. A presença e a diversidade destes organismos são influenciadas pelas características físicas da praia, como o tamanho do grão (granulometria) da areia, a inclinação da praia e a presença de vegetação10. Portanto, essa biodiversidade desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde dos ecossistemas costeiros e na sustentação de cadeias alimentares complexas.
As praias arenosas são habitats importantes para uma variedade de espécies de plantas e animais. Muitas espécies de aves, répteis, insetos e crustáceos dependem desse ambiente para alimentação, reprodução e abrigo. A presença e a diversidade destes organismos são influenciadas pelas características físicas da praia, como o tamanho do grão (granulometria) da areia, a inclinação da praia e a presença de vegetação<ref>Defeo, O., McLachlan, A., Schoeman, D. S., Schlacher, T. A., Dugan, J., Jones, A., Lastra, M., & Scapini, F. (2009). Threats to sandy beach ecosystems: a review. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 81(1), 1–12.</ref>. Portanto, essa biodiversidade desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde dos ecossistemas costeiros e na sustentação de cadeias alimentares complexas.


As praias atuam como uma barreira natural de proteção contra a erosão costeira causada por ondas, tempestades e marés. A presença de dunas e vegetação costeira ajuda a dissipar a energia das ondas, reduzindo o impacto das tempestades e minimizando a perda de terras.
As praias atuam como uma barreira natural de proteção contra a erosão costeira causada por ondas, tempestades e marés. A presença de dunas e vegetação costeira ajuda a dissipar a energia das ondas, reduzindo o impacto das tempestades e minimizando a perda de terras.
Linha 35: Linha 36:
As praias são também um importante destino turístico e proporcionam oportunidades de lazer e recreação para as pessoas. As atividades como natação, banhos de sol, prática de esportes aquáticos, passeios e turismo costeiro contribuem para o bem-estar físico e mental, além de serem uma fonte de renda para as comunidades locais.
As praias são também um importante destino turístico e proporcionam oportunidades de lazer e recreação para as pessoas. As atividades como natação, banhos de sol, prática de esportes aquáticos, passeios e turismo costeiro contribuem para o bem-estar físico e mental, além de serem uma fonte de renda para as comunidades locais.


É importante ressaltar que as praias arenosas estão sujeitas a uma série de ameaças, incluindo a erosão costeira, o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas, urbanização descontrolada, a poluição e a exploração excessiva de recursos. Estas ameaças podem levar à perda de habitat, à redução da diversidade biológica e à degradação da qualidade desse ecossistema, ameaçando a integridade dos serviços ecossistêmicos das praias. A gestão eficaz das praias arenosas é, portanto, crucial para a conservação desse valioso ecossistema e pode incluir a proteção das áreas costeiras, a restauração de habitats degradados e a mitigação dos impactos das atividades humanas11 . Portanto, a conservação e a gestão adequada desses ecossistemas são essenciais para garantir a continuidade dos serviços que eles fornecem.
É importante ressaltar que as praias arenosas estão sujeitas a uma série de ameaças, incluindo a erosão costeira, o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas, urbanização descontrolada, a poluição e a exploração excessiva de recursos. Estas ameaças podem levar à perda de habitat, à redução da diversidade biológica e à degradação da qualidade desse ecossistema, ameaçando a integridade dos serviços ecossistêmicos das praias. A gestão eficaz das praias arenosas é, portanto, crucial para a conservação desse valioso ecossistema e pode incluir a proteção das áreas costeiras, a restauração de habitats degradados e a mitigação dos impactos das atividades humanas. <ref>Martínez, M. L., Intralawan, A., Vázquez, G., Pérez-Maqueo, O., Sutton, P., & Landgrave, R. (2007). The coasts of our world: Ecological, economic and social importance. Ecological Economics, 63(2–3), 254–272.</ref>Portanto, a conservação e a gestão adequada desses ecossistemas são essenciais para garantir a continuidade dos serviços que eles fornecem.


2. COSTÕES ROCHOSOS


2.1  Definições
'''COSTÕES ROCHOSOS'''


Costões rochosos, também conhecidos como rocky shores em inglês, são formações litorâneas de grande importância ecológica e geomorfológica. Eles são caracterizados por estruturas geológicas expostas que se estendem em direção ao mar, formando um habitat único para diversas espécies de plantas, invertebrados, peixes e pássaros.  
Costões rochosos, também conhecidos como rocky shores em inglês, são formações litorâneas de grande importância ecológica e geomorfológica. Eles são caracterizados por estruturas geológicas expostas que se estendem em direção ao mar, formando um habitat único para diversas espécies de plantas, invertebrados, peixes e pássaros.  
Linha 45: Linha 45:
Os costões rochosos são formados por rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares, que são expostas à ação das ondas, marés e intemperismo. A ação constante desses processos ao longo do tempo pode resultar em formas e estruturas variadas, como arcos, fendas, plataformas e piscinas naturais.
Os costões rochosos são formados por rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares, que são expostas à ação das ondas, marés e intemperismo. A ação constante desses processos ao longo do tempo pode resultar em formas e estruturas variadas, como arcos, fendas, plataformas e piscinas naturais.


2.2 Características gerais e classificações


Uma das características marcantes dos costões rochosos é a zona de influência das marés, que cria uma área única e dinâmica entre os limites da maré alta e baixa. Essa zona, chamada de zona entremarés*, está sujeita a flutuações diárias das condições ambientais, como a exposição ao ar durante a maré baixa e a imersão na água durante a maré alta. Essa alternância de condições cria desafios e oportunidades únicas para os organismos que habitam o costão rochoso.
Características gerais e classificações
 
Uma das características marcantes dos costões rochosos é a zona de influência das marés, que cria uma área única e dinâmica entre os limites da maré alta e baixa. Essa zona, chamada de zona entremarés, está sujeita a flutuações diárias das condições ambientais, como a exposição ao ar durante a maré baixa e a imersão na água durante a maré alta. Essa alternância de condições cria desafios e oportunidades únicas para os organismos que habitam o costão rochoso.


Portanto, a estrutura física dos costões rochosos e a influência das condições oceânicas, como marés, correntes e ondas, bem como a competição por espaço e recursos entre os organismos contribuem para uma zonação nos costões12.  
Portanto, a estrutura física dos costões rochosos e a influência das condições oceânicas, como marés, correntes e ondas, bem como a competição por espaço e recursos entre os organismos contribuem para uma zonação nos costões.<ref>Connell, J. H. (1972). Community interactions on marine rocky intertidal shores. Annual Review of Ecology and Systematics, 3(1), 169–192.</ref>


A zonação nos costões rochosos é geralmente observada em faixas horizontais ou verticais, que são definidas por diferentes espécies de organismos e pelas adaptações necessárias para sobreviver em cada área específica. Essas faixas são conhecidas como zonas de acordo com a localização em relação à maré e às condições ambientais predominantes. As principais zonas encontradas nos costões rochosos são:
A zonação nos costões rochosos é geralmente observada em faixas horizontais ou verticais, que são definidas por diferentes espécies de organismos e pelas adaptações necessárias para sobreviver em cada área específica. Essas faixas são conhecidas como zonas de acordo com a localização em relação à maré e às condições ambientais predominantes. As principais zonas encontradas nos costões rochosos são:
Linha 57: Linha 58:
* Zona Infralitoral: Também chamada de zona submersa, está localizada abaixo da maré baixa e é regularmente submersa pelas marés. Nessa zona, a luz solar é menos disponível, e os organismos encontrados são adaptados a essas condições. Aqui os fatores abióticos são relativamente estáveis e as relações de predação e competição regulam as comunidades locais. Algas de maiores tamanhos, como as algas pardas (Sargassum), cnidários (anêmonas), crustáceos (camarão, ermitão, caranguejo), ouriços-do-mar e peixes são comuns nessa área.
* Zona Infralitoral: Também chamada de zona submersa, está localizada abaixo da maré baixa e é regularmente submersa pelas marés. Nessa zona, a luz solar é menos disponível, e os organismos encontrados são adaptados a essas condições. Aqui os fatores abióticos são relativamente estáveis e as relações de predação e competição regulam as comunidades locais. Algas de maiores tamanhos, como as algas pardas (Sargassum), cnidários (anêmonas), crustáceos (camarão, ermitão, caranguejo), ouriços-do-mar e peixes são comuns nessa área.


Na zona entremarés* dos costões rochosos, também ocorrem as chamadas poças de maré, que são depressões onde a água do mar se acumula formando piscinas temporárias. Essas poças estão sujeitas às condições atmosféricas e apresentam alta variabilidade de temperatura e salinidade durante a maré baixa. Os organismos presentes nessas poças de maré são expostos a flutuações extremas nas condições ambientais, o que requer adaptações específicas para sobreviver nesse ambiente dinâmico. Estes microhabitats proporcionam um refúgio para uma variedade de organismos, incluindo moluscos, anêmonas, caranguejos, algas entre outros13 .
Na zona entremarés dos costões rochosos, também ocorrem as chamadas poças de maré, que são depressões onde a água do mar se acumula formando piscinas temporárias. Essas poças estão sujeitas às condições atmosféricas e apresentam alta variabilidade de temperatura e salinidade durante a maré baixa. Os organismos presentes nessas poças de maré são expostos a flutuações extremas nas condições ambientais, o que requer adaptações específicas para sobreviver nesse ambiente dinâmico. Estes microhabitats proporcionam um refúgio para uma variedade de organismos, incluindo moluscos, anêmonas, caranguejos, algas entre outros.<ref>Raffaelli, D., & Hawkins, S. J. (1996). Intertidal ecology. Springer Science & Business Media</ref>


2.3 Serviços ecossistêmicos
Serviços ecossistêmicos


Os costões rochosos fornecem uma variedade de serviços ecossistêmicos importantes que incluem biodiversidade e habitat; proteção costeira; recreação e turismo; pesca e recursos naturais.
Os costões rochosos fornecem uma variedade de serviços ecossistêmicos importantes que incluem biodiversidade e habitat; proteção costeira; recreação e turismo; pesca e recursos naturais.
Linha 67: Linha 68:
Eles também contribuem para a estabilidade do ecossistema marinho, fornecendo substrato sólido para a fixação de organismos e servindo como base para as cadeias alimentares marinhas. Eles também ajudam a filtrar e purificar a água, promovendo a qualidade da água marinha.
Eles também contribuem para a estabilidade do ecossistema marinho, fornecendo substrato sólido para a fixação de organismos e servindo como base para as cadeias alimentares marinhas. Eles também ajudam a filtrar e purificar a água, promovendo a qualidade da água marinha.


Os costões rochosos também desempenham um papel significativo em processos costeiros maiores, incluindo a proteção da linha de costa contra a erosão, a dissipação de energia das ondas e o fornecimento de sedimentos para praias e dunas14. A sua configuração rochosa ajuda a dissipar a energia das ondas, reduzindo o impacto das tempestades e protegendo as áreas costeiras adjacentes da erosão.
Os costões rochosos também desempenham um papel significativo em processos costeiros maiores, incluindo a proteção da linha de costa contra a erosão, a dissipação de energia das ondas e o fornecimento de sedimentos para praias e dunas. <ref>Naylor, L. A., Stephenson, W. J., & Trenhaile, A. S. (2010). Rock coast geomorphology: recent advances and future research directions. Geomorphology, 114(1–2), 3–11</ref>A sua configuração rochosa ajuda a dissipar a energia das ondas, reduzindo o impacto das tempestades e protegendo as áreas costeiras adjacentes da erosão.


Eles também podem servir como áreas de pesca, oferecendo habitat para várias espécies comerciais e recreativas. Além disso, certas espécies marinhas presentes nos costões rochosos são utilizadas como recursos naturais, como algas marinhas para a indústria alimentícia e moluscos para a aquicultura.
Eles também podem servir como áreas de pesca, oferecendo habitat para várias espécies comerciais e recreativas. Além disso, certas espécies marinhas presentes nos costões rochosos são utilizadas como recursos naturais, como algas marinhas para a indústria alimentícia e moluscos para a aquicultura.


Apesar de sua importância ecológica, os costões rochosos são frequentemente impactados por atividades humanas, incluindo poluição, pesca excessiva e desenvolvimento costeiro. É importante reconhecer e valorizar os serviços ecossistêmicos dos costões rochosos, bem como adotar práticas de manejo sustentável para garantir a conservação desses ecossistemas e sua capacidade de fornecer benefícios contínuos para as comunidades humanas e a natureza. Portanto, a proteção e a gestão destes habitats são cruciais para a conservação da biodiversidade marinha15 .
Apesar de sua importância ecológica, os costões rochosos são frequentemente impactados por atividades humanas, incluindo poluição, pesca excessiva e desenvolvimento costeiro. É importante reconhecer e valorizar os serviços ecossistêmicos dos costões rochosos, bem como adotar práticas de manejo sustentável para garantir a conservação desses ecossistemas e sua capacidade de fornecer benefícios contínuos para as comunidades humanas e a natureza. Portanto, a proteção e a gestão destes habitats são cruciais para a conservação da biodiversidade marinha.<ref>Hawkins, S. J., Moore, P. J., Burrows, M. T., Poloczanska, E., Mieszkowska, N., Herbert, R. J. H., Jenkins, S. R., Thompson, R. C., Genner, M. J., & Southward, A. J. (2008). Complex interactions in a rapidly changing world: responses of rocky shore communities to recent climate change. Climate Research, 37(2–3), 123–133</ref>


3. MANGUEZAIS


3.1  Definições
'''MANGUEZAIS'''


Manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestre e marinho de grande importância ambiental situados em regiões tropicais e subtropicais. Eles são encontrados em regiões onde as águas do mar e do rio se encontram, como estuários, desembocaduras de rios, lagunas, reentrâncias da costa sujeitas à influência das marés. Os manguezais são formados por árvores e arbustos resistentes, adaptados a condições de salinidade variável, substrato lamoso e inundação periódica.
Manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestre e marinho de grande importância ambiental situados em regiões tropicais e subtropicais. Eles são encontrados em regiões onde as águas do mar e do rio se encontram, como estuários, desembocaduras de rios, lagunas, reentrâncias da costa sujeitas à influência das marés. Os manguezais são formados por árvores e arbustos resistentes, adaptados a condições de salinidade variável, substrato lamoso e inundação periódica.
2.2 Características gerais e classificações


2.2 Características gerais e classificações
Características gerais e classificações


Os manguezais são caracterizados por apresentarem uma grande diversidade de espécies vegetais e animais adaptadas a condições extremas, como a salinidade elevada e sedimento anóxico, devido a variação do nível d’água durante os intervalos de maré (Alongi, 2002). Entre as espécies vegetais de mangue conhecidas, temos os gêneros Avicennia (mangue-preto), Laguncularia (mangue-branco), Rhizophora (mangue-vermelho) e Conocarpus erectus (mangue de botão)16.
Os manguezais são caracterizados por apresentarem uma grande diversidade de espécies vegetais e animais adaptadas a condições extremas, como a salinidade elevada e sedimento anóxico, devido a variação do nível d’água durante os intervalos de maré.<ref>Alongi, D. M. (2002). Present state and future of the world’s mangrove forests. Environmental Conservation, 29(3), 331–349. </ref> Entre as espécies vegetais de mangue conhecidas, temos os gêneros Avicennia (mangue-preto), Laguncularia (mangue-branco), Rhizophora (mangue-vermelho) e Conocarpus erectus (mangue de botão).<ref>Rezende, C. E.; Lacerda, L. D.; Bernini, E.; Silva, C. A. R. e; Ovalle, A. R. C.; Aragon, G. T. 2009. Ecologia e biogeoquímica de manguezal. In: Pereira, R. C.; Soares-Gomes, A. Biologia Marinha (2ª ed). Editora Interciência: Rio de Janeiro, p. 361-382.</ref>


Os manguezais são influenciados por uma série de fatores abióticos e bióticos que controlam a vida dos organismos que habitam esses ecossistemas. Os fatores abióticos incluem a salinidade da água, a variação das marés, a disponibilidade de nutrientes, tipo de sedimento (lamoso, arenoso etc.) e a temperatura. Esses fatores podem variar dependendo da localização geográfica e das condições climáticas. Os fatores bióticos incluem a interação entre as espécies de plantas e animais que habitam os manguezais, como as relações de predação, competição e simbiose.
Os manguezais são influenciados por uma série de fatores abióticos e bióticos que controlam a vida dos organismos que habitam esses ecossistemas. Os fatores abióticos incluem a salinidade da água, a variação das marés, a disponibilidade de nutrientes, tipo de sedimento (lamoso, arenoso etc.) e a temperatura. Esses fatores podem variar dependendo da localização geográfica e das condições climáticas. Os fatores bióticos incluem a interação entre as espécies de plantas e animais que habitam os manguezais, como as relações de predação, competição e simbiose.
Linha 93: Linha 94:
É importante ressaltar que essa zonação não é rígida, e algumas espécies podem ocorrer em diferentes zonas dependendo de suas características ecológicas. Além disso, as condições ambientais, como o gradiente de salinidade, a topografia local e a influência de fatores climáticos, também podem influenciar a distribuição das espécies dentro do manguezal.
É importante ressaltar que essa zonação não é rígida, e algumas espécies podem ocorrer em diferentes zonas dependendo de suas características ecológicas. Além disso, as condições ambientais, como o gradiente de salinidade, a topografia local e a influência de fatores climáticos, também podem influenciar a distribuição das espécies dentro do manguezal.


3.3 Serviços ecossistêmicos
Serviços ecossistêmicos


Os manguezais desempenham um importante papel na manutenção da saúde dos ecossistemas costeiros e na sustentabilidade das comunidades humanas. Esses ecossistemas funcionam como berçários para diversas espécies marinhas, uma vez que fornecem proteção e alimento para as primeiras fases da vida de muitos organismos. Além disso, contribuem para a manutenção da qualidade da água, por meio da retenção de sedimentos e nutrientes que seriam levados para o mar, ajudando a prevenir a eutrofização de ambientes marinhos17 .
Os manguezais desempenham um importante papel na manutenção da saúde dos ecossistemas costeiros e na sustentabilidade das comunidades humanas. Esses ecossistemas funcionam como berçários para diversas espécies marinhas, uma vez que fornecem proteção e alimento para as primeiras fases da vida de muitos organismos. Além disso, contribuem para a manutenção da qualidade da água, por meio da retenção de sedimentos e nutrientes que seriam levados para o mar, ajudando a prevenir a eutrofização de ambientes marinhos.<ref>Nagelkerken, I., Blaber, S. J. M., Bouillon, S., Green, P., Haywood, M., Kirton, L. G., Meynecke, J.-O., Pawlik, J., Penrose, H. M., & Sasekumar, A. (2008). The habitat function of mangroves for terrestrial and marine fauna: a review. Aquatic Botany, 89(2), 155–185.</ref>


Em geral, os manguezais são considerados ecossistemas altamente produtivos devido à atividade fotossintética das plantas e à decomposição dos detritos orgânicos. Estudos científicos têm estimado a produtividade primária líquida dos manguezais em uma média de cerca de 2 a 4 toneladas de carbono por hectare por ano. Essa estimativa leva em consideração a quantidade de carbono fixado pelas plantas por meio da fotossíntese, descontando a respiração das plantas e a decomposição dos detritos vegetais. Parte dessa matéria orgânica é liberada nas águas costeiras por meio da decomposição de folhas, raízes e outros detritos vegetais.
Em geral, os manguezais são considerados ecossistemas altamente produtivos devido à atividade fotossintética das plantas e à decomposição dos detritos orgânicos. Estudos científicos têm estimado a produtividade primária líquida dos manguezais em uma média de cerca de 2 a 4 toneladas de carbono por hectare por ano. Essa estimativa leva em consideração a quantidade de carbono fixado pelas plantas por meio da fotossíntese, descontando a respiração das plantas e a decomposição dos detritos vegetais. Parte dessa matéria orgânica é liberada nas águas costeiras por meio da decomposição de folhas, raízes e outros detritos vegetais.


Os manguezais também têm importância social e econômica. Eles fornecem uma série de serviços ambientais, como a proteção da linha de costa contra a erosão e o amortecimento de ondas de tempestades e tsunamis. Além disso, muitas comunidades humanas dependem diretamente dos recursos dos manguezais para sua subsistência, seja pela pesca, coleta de mariscos, ou pelo uso da madeira18 . Além dos produtos pesqueiros, os manguezais fornecem recursos naturais valiosos como fibras e medicamentos tradicionais.
Os manguezais também têm importância social e econômica. Eles fornecem uma série de serviços ambientais, como a proteção da linha de costa contra a erosão e o amortecimento de ondas de tempestades e tsunamis. Além disso, muitas comunidades humanas dependem diretamente dos recursos dos manguezais para sua subsistência, seja pela pesca, coleta de mariscos, ou pelo uso da madeira.<ref>Barbier, E. B., Hacker, S. D., Kennedy, C., Koch, E. W., Stier, A. C., & Silliman, B. R. (2011). The value of estuarine and coastal ecosystem services. Ecological Monographs, 81(2), 169–193. </ref> Além dos produtos pesqueiros, os manguezais fornecem recursos naturais valiosos como fibras e medicamentos tradicionais.


Apesar de sua importância, os manguezais estão entre os ecossistemas mais ameaçados do planeta, principalmente devido à expansão urbana, ao desmatamento para a aquicultura (principalmente de camarão), à poluição e às mudanças climáticas. A degradação e a perda de manguezais podem ter impactos significativos tanto na biodiversidade como na resiliência de comunidades costeiras19.  
Apesar de sua importância, os manguezais estão entre os ecossistemas mais ameaçados do planeta, principalmente devido à expansão urbana, ao desmatamento para a aquicultura (principalmente de camarão), à poluição e às mudanças climáticas. A degradação e a perda de manguezais podem ter impactos significativos tanto na biodiversidade como na resiliência de comunidades costeiras.<ref>Polidoro, B. A., Carpenter, K. E., Collins, L., Duke, N. C., Ellison, A. M., Ellison, J. C., Farnsworth, E. J., Fernando, E. S., Kathiresan, K., & Koedam, N. E. (2010). The loss of species: mangrove extinction risk and geographic areas of global concern. PloS One, 5(4), e10095.</ref>


Nesse contexto, a conservação dos manguezais é uma necessidade urgente. Para isso, é preciso não apenas a criação de áreas protegidas, mas também a implementação de políticas públicas efetivas e a conscientização da sociedade sobre a importância desses ecossistemas20 .
Nesse contexto, a conservação dos manguezais é uma necessidade urgente. Para isso, é preciso não apenas a criação de áreas protegidas, mas também a implementação de políticas públicas efetivas e a conscientização da sociedade sobre a importância desses ecossistemas.<ref>Spalding, M. (2010). World atlas of mangroves. Routledge.</ref>


4. MARISMAS ou PÂNTANO SALOBRO


4.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos
'''MARISMAS ou PÂNTANO SALOBRO'''


Marismas, também conhecidos por pântanos salobros (salt marshes em inglês) são ecossistemas costeiros entremarés* caracterizados por vegetação herbácea resistente à salinidade, principalmente gramíneas (Spartina alterniflora), juncos (Juncus effusus) e ervas, que são inundadas periodicamente por marés de água salgada.
Marismas, também conhecidos por pântanos salobros (salt marshes em inglês) são ecossistemas costeiros entremarés caracterizados por vegetação herbácea resistente à salinidade, principalmente gramíneas (''Spartina alterniflora''), juncos (''Juncus effusus'') e ervas, que são inundadas periodicamente por marés de água salgada.


As marismas são formadas por sedimentos costeiros e fluviais que acumulam matéria orgânica, criando um ambiente rico em nutrientes que suporta uma diversidade de espécies de plantas e animais. As condições físicas das marismas, como salinidade, umidade do solo e frequência de inundações, variam significativamente, influenciando na distribuição e na diversidade de espécies21.
As marismas são formadas por sedimentos costeiros e fluviais que acumulam matéria orgânica, criando um ambiente rico em nutrientes que suporta uma diversidade de espécies de plantas e animais. As condições físicas das marismas, como salinidade, umidade do solo e frequência de inundações, variam significativamente, influenciando na distribuição e na diversidade de espécies.<ref>Bertness, M. D. (1999). The ecology of Atlantic shorelines (Vol. 417). Sinauer Associates Sunderland.</ref>


Geralmente localizadas em zonas temperadas e subtropicais desempenham um papel crucial na filtragem de poluentes, estabilização da linha de costa e fornecimento de habitats para uma variedade de vida selvagem22 . No Brasil, os marismas, ou pântanos salobros estão presentes em estuários, lagunas e baías ao longo da costa dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul23 . Bancos de Spartina spp. são também observados no litoral sul de São Paulo (Cananéia) e Paraná.
Geralmente localizadas em zonas temperadas e subtropicais desempenham um papel crucial na filtragem de poluentes, estabilização da linha de costa e fornecimento de habitats para uma variedade de vida selvagem.<ref>Adam, P. (1993). Saltmarsh ecology. Cambridge University Press</ref> No Brasil, os marismas, ou pântanos salobros estão presentes em estuários, lagunas e baías ao longo da costa dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.<ref>Schaeffer-Novelli, Y. et al. 2016.Climate changes in mangrove forests and salt marshes.Brazilian Journal of Oceanography, 64, 37-52</ref> Bancos de Spartina spp. são também observados no litoral sul de São Paulo (Cananéia) e Paraná.


Esses ecossistemas são um dos mais eficientes no sequestro de carbono do mundo. Pois capturam CO2 da atmosfera armazenando no solo de forma muito mais eficaz do que a maioria dos outros ecossistemas terrestres24 . Além disso, as marismas oferecem um valioso serviço de proteção da linha de costa, reduzindo a energia das ondas e minimizando a erosão costeira25 . Especialmente nas atuais condições de aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos26 .
Esses ecossistemas são um dos mais eficientes no sequestro de carbono do mundo. Pois capturam CO<sup>2</sup> da atmosfera armazenando no solo de forma muito mais eficaz do que a maioria dos outros ecossistemas terrestres.<ref>(Chmura et al., 2003)</ref> Além disso, as marismas oferecem um valioso serviço de proteção da linha de costa, reduzindo a energia das ondas e minimizando a erosão costeira.<ref>Feagin, R. A., Mukherjee, N., Shanker, K., Baird, A. H., Cinner, J., Kerr, A. M., Koedam, N., Sridhar, A., Arthur, R., & Jayatissa, L. P. (2010). Shelter from the storm? Use and misuse of coastal vegetation bioshields for managing natural disasters. Conservation Letters, 3(1), 1–11.</ref> Especialmente nas atuais condições de aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos.<ref>Masson-Delmotte, V., Zhai, P., Pirani, A., Connors, S. L., Péan, C., Berger, S., Caud, N., Chen, Y., Goldfarb, L., Gomis, M. I., Huang, M., Leitzell, K., Lonnoy, E., Matthews, J. B. R., Maycock, T. K., Waterfield, T., Yelekçi, O., Yu, R., & Zhou, B. (2021). IPCC, 2021: Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change.</ref>


Esses ecossistemas costeiros são caracterizados por condições extremas de salinidade e temperatura, sendo frequentemente hipersalinos. A vegetação dominante nessas áreas é composta por angiospermas herbáceas adaptadas a essas variações ambientais.
Esses ecossistemas costeiros são caracterizados por condições extremas de salinidade e temperatura, sendo frequentemente hipersalinos. A vegetação dominante nessas áreas é composta por angiospermas herbáceas adaptadas a essas variações ambientais.


5. LEITOS DE MACRÓFITAS MARINHAS
'''LEITOS DE MACRÓFITAS MARINHAS'''


5.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos


Os leitos de macrófitas (plantas superiores – angiospermas) marinhas são definidos por sistemas dominados por plantas com flores, encontrados em águas rasas costeiras salgadas e salobras, em todo o mundo (com exceção das regiões polares). Alguns leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em áreas entremarés baixas27 .
Os leitos de macrófitas (plantas superiores – angiospermas) marinhas são definidos por sistemas dominados por plantas com flores, encontrados em águas rasas costeiras salgadas e salobras, em todo o mundo (com exceção das regiões polares). Alguns leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em áreas entremarés baixas.<ref>He, Q; Silliman, B. R. 2019. Climate Change, Human Impacts, and Coastal Ecosystems in the Anthropocene, Current Biology, Volume 29, Issue 19, p. R1021-R1035, ISSN 0960-9822, <nowiki>https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.08.042</nowiki>.</ref>


Elas compõem um grupo de espécies de plantas que se adaptaram para viver submersas inteiramente em ambiente marinho. Apenas para fins comparativos, atualmente existem cerca de 60 espécies de ervas marinhas ao redor do globo, enquanto há, aproximadamente, 250.000 espécies terrestres de angiospermas .
Elas compõem um grupo de espécies de plantas que se adaptaram para viver submersas inteiramente em ambiente marinho. Apenas para fins comparativos, atualmente existem cerca de 60 espécies de ervas marinhas ao redor do globo, enquanto há, aproximadamente, 250.000 espécies terrestres de angiospermas .
Linha 129: Linha 128:
Para as macrófitas marinhas sobreviverem inteiramente submersas, muitas adaptações evolutivas ocorreram durante o tempo e impactam diretamente o ambiente das águas costeiras. Por exemplo, essas plantas são capazes de alterar o fluxo de água, realizar a ciclagem de nutrientes, além de participarem da teia alimentar desses ecossistemas, como por exemplo, de tartarugas marinhas verdes, dugongos e peixes-boi, além de fornecem habitat crítico para muitos animais, incluindo espécies pesqueiras comercialmente e recreativamente importantes.
Para as macrófitas marinhas sobreviverem inteiramente submersas, muitas adaptações evolutivas ocorreram durante o tempo e impactam diretamente o ambiente das águas costeiras. Por exemplo, essas plantas são capazes de alterar o fluxo de água, realizar a ciclagem de nutrientes, além de participarem da teia alimentar desses ecossistemas, como por exemplo, de tartarugas marinhas verdes, dugongos e peixes-boi, além de fornecem habitat crítico para muitos animais, incluindo espécies pesqueiras comercialmente e recreativamente importantes.


Algumas das adaptações evolutivas das ervas marinhas incluem o transporte interno de gás, cloroplastos* epidérmicos, polinização submarina e dispersão marinha. Além disso, para fornecer oxigênio às suas raízes e rizomas as macrófitas marinhas necessitam de altos níveis de luz. Inclusive, existem estudos que indicam que esses leitos servem como sentinelas ambientais, alertando possíveis alterações biológicas. Isso significa que essas plantas são muito vulneráveis às mudanças ambientais28 .
Algumas das adaptações evolutivas das ervas marinhas incluem o transporte interno de gás, <span style="color:blue" title="Organelas presentes nas células de plantas e algas, responsáveis pelo processo de fotossíntese.">cloroplastos</span> epidérmicos, polinização submarina e dispersão marinha. Além disso, para fornecer oxigênio às suas raízes e rizomas as macrófitas marinhas necessitam de altos níveis de luz. Inclusive, existem estudos que indicam que esses leitos servem como sentinelas ambientais, alertando possíveis alterações biológicas. Isso significa que essas plantas são muito vulneráveis às mudanças ambientais.<ref>Orth, R. J., Carruther S, T. J. B., Dennison, W. C., Duarte, C. M., Fourqurean, J. W., Heck, K. L., … Williams, S. L. 2006. A Global Crisis for Seagrass Ecosystems. BioScience, 56(12), 987. doi:10.1641/0006-3568(2006)56[987:agcfse]2.0.co;2 </ref> Os leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em diferentes regiões costeiras ao redor do mundo. Sua distribuição está relacionada a fatores como a temperatura da água, salinidade, disponibilidade de luz e substrato adequado. As regiões onde os leitos de macrófitas marinhas são mais comuns incluem regiões temperadas, tropicais e subtropicais.
 
Os leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em diferentes regiões costeiras ao redor do mundo. Sua distribuição está relacionada a fatores como a temperatura da água, salinidade, disponibilidade de luz e substrato adequado. As regiões onde os leitos de macrófitas marinhas são mais comuns incluem regiões temperadas, tropicais e subtropicais.


Em áreas de clima temperado, os leitos de macrófitas marinhas são encontrados principalmente nas costas de regiões como o noroeste do Pacífico, nordeste do Atlântico (incluindo o norte da Europa) e o sul da Austrália. Nessas regiões, as macrófitas marinhas mais comuns são as ervas marinhas, como as da família Zosteraceae (Zostera marina).  
Em áreas de clima temperado, os leitos de macrófitas marinhas são encontrados principalmente nas costas de regiões como o noroeste do Pacífico, nordeste do Atlântico (incluindo o norte da Europa) e o sul da Austrália. Nessas regiões, as macrófitas marinhas mais comuns são as ervas marinhas, como as da família Zosteraceae (Zostera marina).  
Linha 141: Linha 138:
Vale ressaltar que a distribuição dos leitos de macrófitas marinhas pode variar de acordo com as condições ambientais locais e a disponibilidade de nutrientes. Além disso, fatores como a poluição, alterações climáticas e atividades humanas podem afetar a saúde e a extensão desses ecossistemas costeiros.
Vale ressaltar que a distribuição dos leitos de macrófitas marinhas pode variar de acordo com as condições ambientais locais e a disponibilidade de nutrientes. Além disso, fatores como a poluição, alterações climáticas e atividades humanas podem afetar a saúde e a extensão desses ecossistemas costeiros.


6. FLORESTAS DE MACROALGAS
'''FLORESTAS DE MACROALGAS'''


6.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos


As florestas de macroalgas são verdadeiros bosques submersos, definidos por ecossistemas marinhos rasos cobertos por algas de crescimento denso (grandes algas marrons, como kelps) e encontrados em regiões temperadas de todo o mundo, além de latitudes subpolares, como no Ártico29 . No total, existem 112 espécies de algas da ordem Laminariales, divididos em 33 gêneros diferentes que compõem a maior parte das florestas de algas.
As florestas de macroalgas são verdadeiros bosques submersos, definidos por ecossistemas marinhos rasos cobertos por algas de crescimento denso (grandes algas marrons, como kelps) e encontrados em regiões temperadas de todo o mundo, além de latitudes subpolares, como no Ártico. No total, existem 112 espécies de algas da ordem Laminariales, divididos em 33 gêneros diferentes que compõem a maior parte das florestas de algas.


Nestes ecossistemas, as algas vivem por muito tempo e são capazes de atingir vários metros de comprimento, tornando-as grandes produtoras de biomassa. Como consequência, as florestas de algas abrigam uma grande variedade de espécies30, como por exemplo, mamíferos marinhos (lontras, focas e leões marinhos), além de aves e invertebrados. Entre os maiores consumidores de kelps estão os ouriços marinhos31, que destroem os rizoides* das macroalgas (*estruturas “semelhantes” às raízes das plantas, que possibilitam sua fixação no substrato).
Nestes ecossistemas, as algas vivem por muito tempo e são capazes de atingir vários metros de comprimento, tornando-as grandes produtoras de biomassa. Como consequência, as florestas de algas abrigam uma grande variedade de espécies, <ref>Wernberg, T., Krumhansl, K., Filbee-Dexter, K., & Pedersen, M. F. (2019). Status and Trends for the World’s Kelp Forests. World Seas: An Environmental Evaluation, 57–78. doi:10.1016/b978-0-12-805052-1.00003-6</ref>como por exemplo, mamíferos marinhos (lontras, focas e leões marinhos), além de aves e invertebrados. Entre os maiores consumidores de kelps estão os ouriços marinhos,<ref>Bedford, A. P.; Moore, P. G. Macrofaunal involvement in the sublittoral decay of kelp debris: the sea urchin Psammechimus miliaris (Gmelin) (Echinodermata: Echinoidea). 1985. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 20, n. 1, p. 19-40.  </ref> que destroem os rizoides das macroalgas (estruturas “semelhantes” às raízes das plantas, que possibilitam sua fixação no substrato).


Alguns dos principais serviços ecossistêmicos das florestas de macroalgas incluem produção primária e sequestro de carbono; ciclagem de nutrientes, habitat e refúgio, proteção costeira.  
Alguns dos principais serviços ecossistêmicos das florestas de macroalgas incluem produção primária e sequestro de carbono; ciclagem de nutrientes, habitat e refúgio, proteção costeira.  
Linha 159: Linha 155:
Elas exercem um papel crucial na proteção costeira, atuando como uma barreira natural contra a erosão. As algas absorvem parte da energia das ondas, ajudando a reduzir a força das correntes e dos ventos e estabilizando o sedimento costeiro. Isso é especialmente importante em áreas onde a vegetação costeira terrestre é escassa.
Elas exercem um papel crucial na proteção costeira, atuando como uma barreira natural contra a erosão. As algas absorvem parte da energia das ondas, ajudando a reduzir a força das correntes e dos ventos e estabilizando o sedimento costeiro. Isso é especialmente importante em áreas onde a vegetação costeira terrestre é escassa.


7. RECIFES DE CORAL
'''RECIFES DE CORAL'''


7.1 Definições


Os recifes de coral são definidos por ecossistemas marinhos tropicais subaquáticos caracterizados por corais que se agregam e constroem os recifes32 . Eles são estruturas formadas principalmente por carbonato de cálcio, que é secretado pelos animais do filo Cnidaria, pertencentes à classe dos Antozoários. Esses animais, chamados corais, existem na forma de pólipos e podem formar colônias. Os corais que são mais conhecidos por formarem recifes são chamados de corais hermatípicos.
Os recifes de coral são definidos por ecossistemas marinhos tropicais subaquáticos caracterizados por corais que se agregam e constroem os recifes.<ref>He, Q; Silliman, B. R. 2019. Climate Change, Human Impacts, and Coastal Ecosystems in the Anthropocene, Current Biology, Volume 29, Issue 19, p. R1021-R1035, ISSN 0960-9822, <nowiki>https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.08.042</nowiki>.</ref> Eles são estruturas formadas principalmente por carbonato de cálcio, que é secretado pelos animais do filo Cnidaria, pertencentes à classe dos Antozoários. Esses animais, chamados corais, existem na forma de pólipos e podem formar colônias. Os corais que são mais conhecidos por formarem recifes são chamados de corais hermatípicos.


7.2 Características gerais e classificações


Os corais hermatípicos são encontrados em águas rasas, na zona eufótica, onde há uma grande incidência de luz, pois dependem da luz solar para a fotossíntese realizada pelas suas algas simbióticas. Eles não toleram águas com alto teor de sedimentos e variações significativas de salinidade. Portanto, a falta de luz adequada devido à água turva, sedimentação ou sombreamento por outros organismos, bem como o aporte de água doce oriunda de rios pode limitar o crescimento dos corais hermatípicos.
Os corais hermatípicos são encontrados em águas rasas, na zona eufótica, onde há uma grande incidência de luz, pois dependem da luz solar para a fotossíntese realizada pelas suas algas simbióticas. Eles não toleram águas com alto teor de sedimentos e variações significativas de salinidade. Portanto, a falta de luz adequada devido à água turva, sedimentação ou sombreamento por outros organismos, bem como o aporte de água doce oriunda de rios pode limitar o crescimento dos corais hermatípicos.
Linha 191: Linha 185:
A zonação nos recifes de corais é dinâmica e pode variar em diferentes regiões do mundo, dependendo das condições ambientais locais. No entanto, a compreensão dessa zonação é importante para o estudo e a conservação dos recifes de corais, pois diferentes áreas apresentam características ecológicas distintas e abrigam uma diversidade única de espécies.
A zonação nos recifes de corais é dinâmica e pode variar em diferentes regiões do mundo, dependendo das condições ambientais locais. No entanto, a compreensão dessa zonação é importante para o estudo e a conservação dos recifes de corais, pois diferentes áreas apresentam características ecológicas distintas e abrigam uma diversidade única de espécies.


7.3 Serviços ecossistêmicos
Serviços ecossistêmicos


Os recifes de corais oferecem uma ampla variedade de serviços ecossistêmicos* essenciais para os ecossistemas marinhos e para as comunidades humanas. Alguns dos principais serviços ecossistêmicos dos corais incluem a sua biodiversidade e habitat. Os recifes abrigam uma das mais ricas biodiversidades do planeta, oferecendo habitat e abrigo para uma grande variedade de organismos marinhos, incluindo peixes, crustáceos, moluscos, equinodermos e tartarugas marinhas33. São ecossistemas complexos e tridimensionais que sustentam uma rede intrincada de interações entre diferentes espécies.  
Os recifes de corais oferecem uma ampla variedade de serviços ecossistêmicos* essenciais para os ecossistemas marinhos e para as comunidades humanas. Alguns dos principais serviços ecossistêmicos dos corais incluem a sua biodiversidade e habitat. Os recifes abrigam uma das mais ricas biodiversidades do planeta, oferecendo habitat e abrigo para uma grande variedade de organismos marinhos, incluindo peixes, crustáceos, moluscos, equinodermos e tartarugas marinhas. <ref>Wolfe, K., Kenyon, T.M. & Mumby, P.J. The biology and ecology of coral rubble and implications for the future of coral reefs. Coral Reefs 40, 1769–1806 (2021). <nowiki>https://doi.org/10.1007/s00338-021-02185-9</nowiki></ref>São ecossistemas complexos e tridimensionais que sustentam uma rede intrincada de interações entre diferentes espécies.  


Os recifes de corais também desempenham um papel importante na ciclagem de nutrientes nos oceanos. Eles capturam e reciclam nutrientes essenciais, como nitrogênio e fósforo, contribuindo para a produtividade das águas costeiras e do oceano em geral. Além disso, os corais desempenham um papel significativo no sequestro de carbono da atmosfera. Embora os corais sejam organismos que liberam pequenas quantidades de dióxido de carbono durante a noite, eles também o capturam durante a maior parte do dia. O carbono capturado pelos recifes de corais é armazenado no esqueleto de carbonato de cálcio dos corais, que se acumula ao longo do tempo e forma a estrutura sólida dos recifes. Esse processo de sequestro de carbono é conhecido como "bombas de carbono" dos recifes de corais.
Os recifes de corais também desempenham um papel importante na ciclagem de nutrientes nos oceanos. Eles capturam e reciclam nutrientes essenciais, como nitrogênio e fósforo, contribuindo para a produtividade das águas costeiras e do oceano em geral. Além disso, os corais desempenham um papel significativo no sequestro de carbono da atmosfera. Embora os corais sejam organismos que liberam pequenas quantidades de dióxido de carbono durante a noite, eles também o capturam durante a maior parte do dia. O carbono capturado pelos recifes de corais é armazenado no esqueleto de carbonato de cálcio dos corais, que se acumula ao longo do tempo e forma a estrutura sólida dos recifes. Esse processo de sequestro de carbono é conhecido como "bombas de carbono" dos recifes de corais.


Os recifes atuam também como barreiras naturais que reduzem a força das ondas e ajudam a proteger as áreas costeiras contra a erosão causada por tempestades e eventos extremos34 . Eles desempenham um papel fundamental na estabilização das praias e proteção das comunidades costeiras.
Os recifes atuam também como barreiras naturais que reduzem a força das ondas e ajudam a proteger as áreas costeiras contra a erosão causada por tempestades e eventos extremos.<ref>Eddy, T. D., Lam, V. W., Reygondeau, G., Cisneros-Montemayor, A. M., Greer, K., Palomares, M. L. D., ... & Cheung, W. W. (2021). Global decline in capacity of coral reefs to provide ecosystem services. One Earth, 4(9), 1278-1285. </ref> Eles desempenham um papel fundamental na estabilização das praias e proteção das comunidades costeiras.


Os recifes são fontes importantes de recursos pesqueiros, fornecendo alimentos e meios de subsistência para muitas comunidades costeiras em todo o mundo. Eles abrigam uma grande diversidade de espécies de peixes e outros organismos marinhos que são capturados para consumo humano.
Os recifes são fontes importantes de recursos pesqueiros, fornecendo alimentos e meios de subsistência para muitas comunidades costeiras em todo o mundo. Eles abrigam uma grande diversidade de espécies de peixes e outros organismos marinhos que são capturados para consumo humano.
Linha 211: Linha 205:
.
.


8. ZONA COSTEIRA BRASILEIRA
'''ZONA COSTEIRA BRASILEIRA'''


8.1 Definições e características gerais


A zona costeira brasileira é estabelecida como patrimônio nacional na Constituição Federal e compreende uma faixa terrestre de mais de 8500 km e inclui também o mar territorial, correspondente à faixa marinha de 12 milhas náuticas. Apesar do desmatamento e ocupação desordenada, é na zona costeira que se encontra a maior faixa de Mata Atlântica remanescente no país.
A zona costeira brasileira é estabelecida como patrimônio nacional na Constituição Federal e compreende uma faixa terrestre de mais de 8500 km e inclui também o mar territorial, correspondente à faixa marinha de 12 milhas náuticas. Apesar do desmatamento e ocupação desordenada, é na zona costeira que se encontra a maior faixa de Mata Atlântica remanescente no país.


O  Brasil possui um dos mais ricos ecossistemas costeiros do mundo (Knoppers et al., 2009) com manguezais, marismas, recifes de corais, praias arenosas, costões rochosos; assim como  lagoas, estuários, dunas e restingas, que abrigam inúmeras espécies de flora e fauna exclusivas do território brasileiro36. A zona costeira brasileira é uma região de grande importância econômica, social e ambiental, oferecendo uma variedade de serviços ecossistêmicos cruciais para as comunidades humanas e a conservação da biodiversidade.
O  Brasil possui um dos mais ricos ecossistemas costeiros do mundo<ref>Knoppers, B.; Friederichs, W.; Souza, L. de; Ekau, W.; Figueiredoo, A. G.; Soares-Gomes, A. 2009. A interface terra-mar do Brasil. In: Pereira, R. C.; Soares-Gomes, A. Biologia Marinha (2ª ed). Editora Interciência: Rio de Janeiro, p. 209-550. </ref> com manguezais, marismas, recifes de corais, praias arenosas, costões rochosos; assim como  lagoas, estuários, dunas e restingas, que abrigam inúmeras espécies de flora e fauna exclusivas do território brasileiro.<ref>Gergling et al. Manual de ecossistemas: marinhos e costeiros para educadores. Santos, SP: Editora Comunnicar, 2016. Disponível em: <nowiki>https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/ManualEcossistemasMarinhoseCost</nowiki> Masselinkeiros3.pdf. </ref> A zona costeira brasileira é uma região de grande importância econômica, social e ambiental, oferecendo uma variedade de serviços ecossistêmicos cruciais para as comunidades humanas e a conservação da biodiversidade.


Ela é caracterizada por uma combinação única de ecossistemas, que incluem praias, dunas, manguezais, restingas, costões rochosos, estuários, recifes de corais e ilhas. Cada um desses ambientes desempenha um papel fundamental na sustentação da vida marinha e costeira, na proteção costeira contra a erosão e na promoção de atividades recreativas e turísticas.
Ela é caracterizada por uma combinação única de ecossistemas, que incluem praias, dunas, manguezais, restingas, costões rochosos, estuários, recifes de corais e ilhas. Cada um desses ambientes desempenha um papel fundamental na sustentação da vida marinha e costeira, na proteção costeira contra a erosão e na promoção de atividades recreativas e turísticas.
Linha 229: Linha 222:
Além da importância ecológica, a zona costeira brasileira também abriga diversas comunidades humanas, incluindo pescadores artesanais, comunidades tradicionais e populações urbanas. Essas comunidades dependem dos recursos naturais da zona costeira para subsistência, pesca, turismo e outras atividades econômicas.  
Além da importância ecológica, a zona costeira brasileira também abriga diversas comunidades humanas, incluindo pescadores artesanais, comunidades tradicionais e populações urbanas. Essas comunidades dependem dos recursos naturais da zona costeira para subsistência, pesca, turismo e outras atividades econômicas.  


8.2 Comunidades tradicionais da região costeira do Brasil
Comunidades tradicionais da região costeira do Brasil


As comunidades tradicionais da região costeira brasileira são grupos humanos que possuem uma relação ancestral com o ambiente marinho e costeiro. Essas comunidades estão intimamente ligadas aos recursos naturais da costa, dependendo deles para a sua subsistência, cultura, identidade e formas tradicionais de vida.
As comunidades tradicionais da região costeira brasileira são grupos humanos que possuem uma relação ancestral com o ambiente marinho e costeiro. Essas comunidades estão intimamente ligadas aos recursos naturais da costa, dependendo deles para a sua subsistência, cultura, identidade e formas tradicionais de vida.
Linha 246: Linha 239:


Portanto, a gestão adequada e a conservação da zona costeira, bem como a proteção e o fortalecimento das comunidades tradicionais costeiras são essenciais para garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a preservação dos ecossistemas costeiros.
Portanto, a gestão adequada e a conservação da zona costeira, bem como a proteção e o fortalecimento das comunidades tradicionais costeiras são essenciais para garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a preservação dos ecossistemas costeiros.
[[category: Biodiversidade]]
161

edições

Menu de navegação