Esportes Marítimos

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A hidrografia do Brasil, extensa e diversa, oferece uma gama variada de possibilidades para a realização de esportes nos rios, lagos, represas, e mares.

Os esportes aquáticos são aqueles em que o corpo deve estar imerso na água. São eles: natação, maratonas aquáticas, nado sincronizado, polo aquático, saltos ornamentais e mergulho. Essa definição inclui tanto os praticados em águas delimitadas, como piscinas, quanto em águas abertas, como os mares[1].

Por sua vez, os esportes náuticos são aqueles que dependem da utilização de barcos para locomoção em rios, lagos, represas, e mares. Pela definição aplicada pelo Laboratório de Design e Tecnologia das Embarcações e seus Sistemas de Apoio Operacional (FAU/USP), barco é o nome dado a qualquer construção feita com materiais apropriados, de modo a flutuar e transportar, pela água, pessoas e coisas. Assim sendo, podem ser enquadrados na categoria o barco a remo, a vela, o surfe, o windsurf e sua variante, o kite surf, o esqui aquático e o wakeboard, o caiaque e a canoagem[2].

Portanto, os esportes aquáticos, como natação e nado sincronizado, não fazem uso de um equipamento para flutuação, pois dependem apenas do corpo humano no ato de locomoção. Já nos esportes náuticos, a pessoa deve permanecer dentro da embarcação, e não na água[2]. Já o termo esportes marítimos, se refere somente aos esportes (tanto aquáticos como náuticos) realizados no mar aberto. Há também os esportes litorâneos, praticados na praia, como o futebol de areia, o vôlei de praia e o “futevôlei”, muito populares no Brasil.

Frequentemente define-se esporte como toda prática lúdica, individual ou coletiva, de jogo ou qualquer atividade que demande exercício físico e destreza, com fins de recreação, manutenção do condicionamento corporal e da saúde e/ou competição; desporte e desporto são sinônimos de esporte. Entretanto, também podemos encontrar como definição de esportes somente aqueles realizados com fins competitivos, com regras e objetivos bem definidos, excluindo, portanto, atividades recreativas, como o mergulho, por exemplo.

A prática casual de alguns esportes marítimos é profundamente arraigada na cultura de cidades costeiras, entretanto, a grande maioria restringe-se, praticamente, aos esforços de pequenos e médios empresários independentes. Nos pontos esparsos da Amazônia Azul, os que exploram  o lazer e o esportes náuticos de forma organizada o fazem em iates-clubes, hotéis e pousadas à beira-mar. Há que mencionar, também, as escolas da Marinha, localizadas em vários pontos do litoral, nas quais se praticam esportes náuticos, principalmente a vela, também chamada de iatismo[3].

Paradoxalmente a isso, o Brasil tem uma boa tradição mundial no segmento dos esportes náuticos e marítimos. Nas olimpíadas de Tokyo 2021, quatro das sete medalhas de ouro do Brasil foram obtidas em esportes no mar.

O Brasil também já vem sendo chamado de "país do surf”, esporte em que se destaca cada vez mais. Na final masculina do mundial de 2021, dos cinco classificados, três eram brasileiros - Gabriel Medina em 1°, Ítalo Ferreira em 2° e Filipe Toledo em 3° lugar. Já na final feminina, a brasileira Tatiana Weston-Webb ocupou o 2° lugar.

Cabe aqui destacar também a vela, que é o esporte náutico que mais trouxe medalhas olímpicas ao país, com o total de 19 medalhas desde 1984, com atuações marcantes de atletas da família Grael e do velejador Robert Scheidt.

Portanto, mesmo com a falta ou com quase nenhum investimento, os atletas brasileiros desses esportes têm se destacado nas competições internacionais. Esse quase inexplicável desempenho, segundo Vidigal (2006)[3], pode ser atribuído ao esforço individual desses atletas.

Em 2018, ambos os esportes, vela e surfe (sempre considerando, no caso do surfe, somente a modalidade shortboard), estavam representados na Comissão Nacional de Atletas do Ministério do Esporte do Brasil.


Abaixo, foram trazidas informações sobre alguns desses esportes marítimos:

Maratona Aquática

As maratonas aquáticas estrearam no programa olímpico nos Jogos de Pequim 2008. Nesse esporte, o objetivo dos atletas é nadar determinada distância no menor tempo possível. Os atletas competem no mar ou em rios, onde devem cumprir uma distância no menor tempo possível. O vencedor é o atleta mais veloz. Para as competições olímpicas e pan-americanas a distância foi definida em 10km, mas existem provas de outras distâncias, como 5km ou 25km.

Mesmo com apenas três edições olímpicas disputadas, em 2016, o Brasil já esteve no pódio na modalidade de maratona aquática. A paulista Poliana Okimoto foi medalhista de bronze na prova disputada na praia de Copacabana, conquistando assim a primeira medalha feminina da história do Brasil nos esportes aquáticos.

Mergulho

Mergulho é a prática de submergir na água. Existem algumas modalidades diferentes de mergulho. O mergulho livre é aquele no qual não é necessário um aparelho de respiração. O praticante de mergulho livre pode fazer a apneia, submergindo apenas com o ar dos pulmões, ou o snorkeling, em que utiliza uma máscara de mergulho com um snorkel para obter ar da superfície enquanto permanece observando debaixo d’água. Já no mergulho autônomo, utiliza-se um aparato de respiração, chamado SCUBA (Self-Contained Underwater Breathing Aparattus), que é um aparelho autônomo de respiração subaquática. Ao mergulhar com o SCUBA, o praticante carrega em suas costas um cilindro de ar comprimido, do qual recebe, por meio de um regulador de pressão, o ar necessário para respirar. Há ainda o mergulho dependente, praticado geralmente por profissionais que trabalham na área de construção civil e plataformas de petróleo, e o mergulho técnico, em que são ultrapassados os limites do mergulho recreativo, utilizando-se de equipamentos e procedimentos especiais para estender o tempo de fundo com segurança. Esses últimos requerem treinamentos especializados e só devem ser praticados por profissionais.

A plataforma Brasil Mergulho (https://www.brasilmergulho.com/) disponibiliza uma grande quantidade de informações sobre esse esporte, desde técnicas para sua realização, revisão (review) de equipamentos, indicação de cursos, locais ideais para realizar o mergulho ao longo da costa do Brasil e também no mundo, além de notícias relacionadas, entre outras informações.

Barco a remo

Também chamado somente de remo, nesse esporte os atletas ficam dentro do barco, impulsionando-o com a utilização de remos. O objetivo é percorrer certa distância, que nas olimpíadas é de 2 km, em linha reta, no menor tempo possível. Existem diversas categorias no remo, dentre as quais variam a idade, o sexo e o peso dos atletas, o tamanho do barco, o tamanho da equipe - podendo ser 1, 2 ou 4 atletas - e a quantidade de remos para cada um - podendo ser 1 ou 2.

O site oficial da confederação brasileira de remo traz uma lista de clubes disponíveis para a prática do esporte: https://www.remobrasil.com/remo/onde-praticar

O surfe é um dos esportes mais praticados de forma recreativa no Brasil.

As modalidades do surfe variam de acordo com o tamanho das pranchas utilizadas e no modo como elas são guiadas – pelo homem e/ou pelo vento. Ao todo, sete modalidades são as mais praticadas no Brasil: shortboard, longboard, bodyboard, skimboard, windsurf, kite surf e stand up paddle. No país treinam também os atletas de ondas gigantes (town in surf), cujos marcos mundiais são em Nazaré (Portugal), Mavericks (EUA) e Teahupoo (Tahiti).

De forma competitiva, os atletas têm um certo tempo para pegar o máximo de ondas possíveis e receber uma pontuação para cada uma. Ganha quem receber a maior soma de pontuação. Como já mencionado anteriormente, o surfe (na modalidade shortboard) estreou nas olimpíadas de Tóquio 2020, na qual o Brasil levou a medalha de ouro.

No Brasil, dentre as praias mais citadas como melhores para praticar o surfe estão: Maresias, São Sebastião (SP); Cachimba do Padre, Fernando de Noronha (PE); Praia do Rosa, Imbituba (SC); Macumba, Rio de Janeiro (RJ); Itamambuca, Ubatuba (SP); Praia de Itaúna, Saquarema (RJ); Maracaípe, Porto de Galinhas (PE); Pipa, Tibau do Sul (RN) e Praia da Joaquina, Florianópolis (RJ)

Canoagem

Na canoagem, o atleta fica dentro de canoas, caiaques ou wave-skis. Dependendo da modalidade, é praticado em águas calmas ou agitadas, em um mar, rio ou lago. Em inglês encontramos os termos canoeing e kayaking.

Atualmente, existem as seguintes modalidades vinculadas à Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa): Canoagem Velocidade, Slalom, Maratona, Descida, Oceânica, Onda, Adaptada, Rodeio, Caiaque-Pólo, Rafting e Va'a.

Nas olimpíadas temos a Canoagem Velocidade (desde 1968) e a Canoagem Slalom (desde 1972). Canoísta é o termo usado para quem - homens ou mulheres - rema uma canoa, caiaque ou wave-ski.

A diferença entre as canoas e os caiaques é que as canoas desse esporte são embarcações abertas, nas quais os atletas remam sobre um dos joelhos utilizado um remo com apenas uma pá. Já os caiaques são embarcações fechadas, os canoístas competem sentados, utilizando remos com duas pás, uma em cada extremidade. Além disso, os caiaques possuem um leme, acionado com os pés.

Vela

Vela é a arte de mover um barco aproveitando a força do vento.

A vela foi disputada pela primeira vez como esporte Olímpico nos Jogos de Paris, em 1900. Desde então, diversas categorias da vela saíram e entraram na programação olímpica, e as classes de barcos que podem competir têm evoluído continuamente para refletir os avanços em design e tecnologia de iates. Os avanços dos equipamentos nos últimos 20 anos criaram uma tendência para embarcações menores e mais leves, exigindo cada vez mais as capacidades atléticas e técnicas dos velejadores[4].

Como mencionado anteriormente, a vela é o esporte que mais rendeu medalhas ao Brasil em Olimpíadas. Até a edição dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, foram 18 pódios para atletas brasileiros. Além disso, os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael são os maiores medalhistas olímpicos entre todos os esportes no Brasil.

  1. FUGITA, M. Guia Didático: Esportes Aquáticos Individuais e Coletivos. São Paulo: Secretaria Municipal de Esportes Lazer e Recreação, 2013 (Guia Didático).
  2. 2,0 2,1 BEIRÃO, A. P.; MARQUES, M.; RUSCHEL, R. (org.). O VALOR DO MAR: uma visão integrada dos recursos do oceano do brasil. 2. ed. São Paulo: Essential Idea Editora, 2020. 247 p.
  3. 3,0 3,1 VIDIGAL, A. A. F;. Amazônia azul: o mar que nos pertence. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006. 305 p. WWF BRASIL (org.)
  4. https://olympics.com/pt/esportes/vela/#discipline-history-of