Mudanças entre as edições de "Desastres ambientais no ambiente costeiro e marinho"

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 Derramamentos de óleo nem sempre são acidentais, já que podem ser causados por vários fatores como problemas com navios, plataformas petroleiras, acidentes com embarcações menores, e também por negligência humana, considerando o descarte irregular de resíduos originados em navios cargueiros. O mundo já presenciou algumas catástrofes ambientais geradas pelo derramamento de petróleo no oceano (e.g. derramamento de petróleo no Golfo do México em 2010). No Brasil também foram constatados alguns desastres neste contexto, como o derramamento de 6 mil toneladas de óleo na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro em 1975 e no Nordeste em 2019.
 Derramamentos de óleo nem sempre são acidentais, já que podem ser causados por vários fatores como problemas com navios, plataformas petroleiras, acidentes com embarcações menores, e também por negligência humana, considerando o descarte irregular de resíduos originados em navios cargueiros. O mundo já presenciou algumas catástrofes ambientais geradas pelo derramamento de petróleo no oceano (e.g. derramamento de petróleo no Golfo do México em 2010). No Brasil também foram constatados alguns desastres neste contexto, como o derramamento de 6 mil toneladas de óleo na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro em 1975 e no Nordeste em 2019.


 O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos (moléculas de carbono e hidrogênio) menos densa que a água. Este é um recurso extremamente importante economicamente, pois é um combustível fóssil muito utilizado para a geração de energia em escala mundial. O transporte do petróleo é feito por grandes navios e seu ciclo de produção ocorre em refinarias localizadas em proximidade a alguns corpos hídricos, como por exemplo, rios e estuários. A grande preocupação relacionada ao derramamento de óleo no mar deve-se ao fato de que quando este entra em contato com a água, torna-se um poluente persistente. Ou seja, possui um elevado tempo de residência no ambiente marinho. Com o despejo do óleo na água, há formação de manchas, que por serem menos densas que a água, se dispõem na superfície. Como a degradação natural do petróleo é muito lenta, podendo levar décadas, a remoção dessas manchas deve ser feita com técnicas especializadas, devido à persistência e toxicidade do material.  
 O petróleo é uma mistura composta por moléculas de carbono e hidrogênio, sendo menos densa que a água. Este é um recurso extremamente importante economicamente, pois é um combustível fóssil muito utilizado para a geração de energia em escala mundial. O transporte do petróleo é feito por grandes navios e seu ciclo de produção ocorre em refinarias localizadas em proximidade a alguns corpos hídricos, como por exemplo, rios e estuários. A grande preocupação relacionada ao derramamento de óleo no mar deve-se ao fato de que quando este entra em contato com a água, torna-se um poluente persistente. Ou seja, possui um elevado tempo de residência no ambiente marinho. Com o despejo do óleo na água, há formação de manchas, que por serem menos densas que a água, se dispõem na superfície. Como a degradação natural do petróleo é muito lenta, podendo levar décadas, a remoção dessas manchas deve ser feita com técnicas especializadas, devido à persistência e toxicidade do material.  


'''Impactos na vida marinha'''
'''Impactos na vida marinha'''
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A construção de barragens demanda espaço e recursos específicos, e de uma maneira geral, comunidades rurais que habitam nas regiões demarcadas podem ter que ser realocadas, deixando suas casas e suas vidas.
A construção de barragens demanda espaço e recursos específicos, e de uma maneira geral, comunidades rurais que habitam nas regiões demarcadas podem ter que ser realocadas, deixando suas casas e suas vidas.


Em relação à sedimentação, pode-se dizer que as barragens interferem no aporte de sedimentos e nutrientes, provocando  mudanças na zona costeira, atingindo tanto os recursos vivos quanto os recursos não-vivos. <ref>Hazin, F. H. V. (2012). Relatório da sessão “Mar e ambientes costeiros”. Parcerias Estratégicas, 15(31), 341-350.</ref>Como já exposto anteriormente, as barragens retém e transformam o material. Isso pode alterar a dinâmica natural dos fluxos de materiais em uma bacia, bem como seu transporte na interface continente-oceano e deposição, originando novas formas de leito. Além disso, pode contribuir para a ocorrência de processos erosivos à jusante da bacia.
Em relação à sedimentação, pode-se dizer que as barragens interferem no aporte sedimentar e de nutrientes, mudando a zona costeira e interferindo nos recursos vivos e não-vivos. <ref>Hazin, F. H. V. (2012). Relatório da sessão “Mar e ambientes costeiros”. Parcerias Estratégicas, 15(31), 341-350.</ref>Como já exposto anteriormente, as barragens retém e transformam o material. Isso pode provocar a alteração da dinâmica natural dos fluxos de materiais em uma bacia, bem como de seu transporte na interface continente-oceano e da deposição, originando novas formas de leito. Além disso, pode contribuir para a ocorrência de processos erosivos à jusante da bacia.


A água dos rios é rica em sedimentos constituídos por nutrientes, que alimentam peixes e outros seres vivos. As barragens bloqueiam o fluxo natural da água, impedindo o livre transporte e consequentemente, a disposição de alimento para a fauna. Além disso, muitas espécies migratórias são prejudicadas e até extintas, uma vez que precisam do ambiente para alimentação e reprodução.
A água dos rios é rica em sedimentos constituídos por nutrientes, que alimentam peixes e outros seres vivos. As barragens bloqueiam o fluxo natural da água, impedindo o livre transporte e consequentemente, a disposição de alimento para a fauna. Além disso, muitas espécies migratórias são prejudicadas e até extintas, uma vez que precisam do ambiente para alimentação e reprodução.
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'''Os maiores desastres envolvendo barragens no Brasil'''
'''Os maiores desastres envolvendo barragens no Brasil'''


Em novembro de 2015, no subdistrito de Bento Rodrigues no município de Mariana em Minas Gerais, a barragem de Fundão se rompeu, marcando um dos maiores desastres ambientais com barragens no mundo. A lama tóxica contaminou a principal bacia hidrográfica do sudeste brasileiro. As consequências destas catástrofes não se resumem apenas aos reservatórios de águas continentais (doce), mas eventualmente chegam ao oceano, desencadeando uma série de problemas. Recifes de corais, berçários de tartarugas marinhas no Oceano Atlântico receberam a lama tóxica, ocasionando grande perda de biodiversidade.<ref>BAETA, Juliana. '''Rejeitos de minério de ferro não são tóxicos, mas podem sedimentar rio e matar animais e vegetação'''. 2021. Disponível em: <nowiki>https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/rejeitos-de-min%C3%A9rio-de-ferro-n%C3%A3o-s%C3%A3o-t%C3%B3xicos-mas-podem-sedimentar-rio-e-matar-animais-e-vegeta%C3%A7%C3%A3o-1.688826</nowiki>. Acesso em: 28 jul. 2022.</ref>  
Em novembro de 2015, a barragem de Fundão, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana no estado de Minas Gerais se rompeu, marcando um dos maiores desastres ambientais com barragens no mundo. A lama tóxica contaminou a principal bacia hidrográfica do sudeste brasileiro. As consequências destas catástrofes não se resumem apenas aos reservatórios de águas continentais (doce), mas eventualmente chegam ao oceano, desencadeando uma série de problemas. Recifes de corais, berçários de tartarugas marinhas no Oceano Atlântico receberam a lama tóxica, ocasionando grande perda de biodiversidade.<ref>BAETA, Juliana. '''Rejeitos de minério de ferro não são tóxicos, mas podem sedimentar rio e matar animais e vegetação'''. 2021. Disponível em: <nowiki>https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/rejeitos-de-min%C3%A9rio-de-ferro-n%C3%A3o-s%C3%A3o-t%C3%B3xicos-mas-podem-sedimentar-rio-e-matar-animais-e-vegeta%C3%A7%C3%A3o-1.688826</nowiki>. Acesso em: 28 jul. 2022.</ref>  


Semelhantemente, em 25 de janeiro de 2019 ocorreu o rompimento da barragem de Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais. <ref> RODRIGUES, Sabrina. '''Retrospectiva: Rompimento da barragem de Brumadinho foi a primeira grande tragédia ambiental do ano'''. 2019. Disponível em: <nowiki>https://oeco.org.br/noticias/rompimento-da-barragem-de-brumadinho-e-a-primeira-grande-tragedia-ambiental-do-ano/</nowiki>. Acesso em: 28 jul. 2022.</ref>Cerca de 14 milhões de toneladas de lama e rejeitos de minério de ferro foram despejados. Além das vidas perdidas, o Rio Paraopeba ficou completamente poluído, necessitando urgentemente de planos de recuperação.
Semelhantemente, em 25 de janeiro de 2019 a barragem de Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais se rompeu. <ref> RODRIGUES, Sabrina. '''Retrospectiva: Rompimento da barragem de Brumadinho foi a primeira grande tragédia ambiental do ano'''. 2019. Disponível em: <nowiki>https://oeco.org.br/noticias/rompimento-da-barragem-de-brumadinho-e-a-primeira-grande-tragedia-ambiental-do-ano/</nowiki>. Acesso em: 28 jul. 2022.</ref>Cerca de 14 milhões de toneladas de lama e rejeitos de minério de ferro foram despejados. Além das vidas perdidas, o Rio Paraopeba ficou completamente poluído, necessitando urgentemente de planos de recuperação.


[[category: socioambiental]]
[[category: socioambiental]]
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