Mudanças entre as edições de "Ecossistemas costeiros"

1 201 bytes adicionados ,  16h42min de 7 de junho de 2023
sem sumário de edição
Linha 146: Linha 146:
As florestas de macroalgas são verdadeiros bosques submersos, definidos por ecossistemas marinhos rasos cobertos por algas de crescimento denso (grandes algas marrons, como kelps) e encontrados em regiões temperadas de todo o mundo, além de latitudes subpolares, como no Ártico29 . No total, existem 112 espécies de algas da ordem Laminariales, divididos em 33 gêneros diferentes que compõem a maior parte das florestas de algas.
As florestas de macroalgas são verdadeiros bosques submersos, definidos por ecossistemas marinhos rasos cobertos por algas de crescimento denso (grandes algas marrons, como kelps) e encontrados em regiões temperadas de todo o mundo, além de latitudes subpolares, como no Ártico29 . No total, existem 112 espécies de algas da ordem Laminariales, divididos em 33 gêneros diferentes que compõem a maior parte das florestas de algas.


Nestes ecossistemas, as algas vivem por muito tempo e são capazes de atingir vários metros de comprimento, tornando-as grandes produtoras de biomassa. Como consequência, as florestas de algas abrigam uma grande variedade de espécies, <ref>He, Q; Silliman, B. R. 2019. Climate Change, Human Impacts, and Coastal Ecosystems in the Anthropocene, Current Biology, Volume 29, Issue 19, p. R1021-R1035, ISSN 0960-9822, <nowiki>https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.08.042</nowiki>.</ref>como por exemplo, mamíferos marinhos (lontras, focas e leões marinhos), além de aves e invertebrados. Entre os maiores consumidores de kelps estão os ouriços marinhos,<ref>Wernberg, T., Krumhansl, K., Filbee-Dexter, K., & Pedersen, M. F. (2019). Status and Trends for the World’s Kelp Forests. World Seas: An Environmental Evaluation, 57–78. doi:10.1016/b978-0-12-805052-1.00003-6 </ref> que destroem os rizoides* das macroalgas (*estruturas “semelhantes” às raízes das plantas, que possibilitam sua fixação no substrato).
Nestes ecossistemas, as algas vivem por muito tempo e são capazes de atingir vários metros de comprimento, tornando-as grandes produtoras de biomassa. Como consequência, as florestas de algas abrigam uma grande variedade de espécies, <ref>Wernberg, T., Krumhansl, K., Filbee-Dexter, K., & Pedersen, M. F. (2019). Status and Trends for the World’s Kelp Forests. World Seas: An Environmental Evaluation, 57–78. doi:10.1016/b978-0-12-805052-1.00003-6</ref>como por exemplo, mamíferos marinhos (lontras, focas e leões marinhos), além de aves e invertebrados. Entre os maiores consumidores de kelps estão os ouriços marinhos,<ref>Bedford, A. P.; Moore, P. G. Macrofaunal involvement in the sublittoral decay of kelp debris: the sea urchin Psammechimus miliaris (Gmelin) (Echinodermata: Echinoidea). 1985. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 20, n. 1, p. 19-40. </ref> que destroem os rizoides* das macroalgas (*estruturas “semelhantes” às raízes das plantas, que possibilitam sua fixação no substrato).


Alguns dos principais serviços ecossistêmicos das florestas de macroalgas incluem produção primária e sequestro de carbono; ciclagem de nutrientes, habitat e refúgio, proteção costeira.  
Alguns dos principais serviços ecossistêmicos das florestas de macroalgas incluem produção primária e sequestro de carbono; ciclagem de nutrientes, habitat e refúgio, proteção costeira.  
Linha 162: Linha 162:
7.1 Definições
7.1 Definições


Os recifes de coral são definidos por ecossistemas marinhos tropicais subaquáticos caracterizados por corais que se agregam e constroem os recifes32 . Eles são estruturas formadas principalmente por carbonato de cálcio, que é secretado pelos animais do filo Cnidaria, pertencentes à classe dos Antozoários. Esses animais, chamados corais, existem na forma de pólipos e podem formar colônias. Os corais que são mais conhecidos por formarem recifes são chamados de corais hermatípicos.
Os recifes de coral são definidos por ecossistemas marinhos tropicais subaquáticos caracterizados por corais que se agregam e constroem os recifes.<ref>He, Q; Silliman, B. R. 2019. Climate Change, Human Impacts, and Coastal Ecosystems in the Anthropocene, Current Biology, Volume 29, Issue 19, p. R1021-R1035, ISSN 0960-9822, <nowiki>https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.08.042</nowiki>.</ref> Eles são estruturas formadas principalmente por carbonato de cálcio, que é secretado pelos animais do filo Cnidaria, pertencentes à classe dos Antozoários. Esses animais, chamados corais, existem na forma de pólipos e podem formar colônias. Os corais que são mais conhecidos por formarem recifes são chamados de corais hermatípicos.


7.2 Características gerais e classificações
7.2 Características gerais e classificações
Linha 192: Linha 192:
7.3 Serviços ecossistêmicos
7.3 Serviços ecossistêmicos


Os recifes de corais oferecem uma ampla variedade de serviços ecossistêmicos* essenciais para os ecossistemas marinhos e para as comunidades humanas. Alguns dos principais serviços ecossistêmicos dos corais incluem a sua biodiversidade e habitat. Os recifes abrigam uma das mais ricas biodiversidades do planeta, oferecendo habitat e abrigo para uma grande variedade de organismos marinhos, incluindo peixes, crustáceos, moluscos, equinodermos e tartarugas marinhas33. São ecossistemas complexos e tridimensionais que sustentam uma rede intrincada de interações entre diferentes espécies.  
Os recifes de corais oferecem uma ampla variedade de serviços ecossistêmicos* essenciais para os ecossistemas marinhos e para as comunidades humanas. Alguns dos principais serviços ecossistêmicos dos corais incluem a sua biodiversidade e habitat. Os recifes abrigam uma das mais ricas biodiversidades do planeta, oferecendo habitat e abrigo para uma grande variedade de organismos marinhos, incluindo peixes, crustáceos, moluscos, equinodermos e tartarugas marinhas. <ref>Wolfe, K., Kenyon, T.M. & Mumby, P.J. The biology and ecology of coral rubble and implications for the future of coral reefs. Coral Reefs 40, 1769–1806 (2021). <nowiki>https://doi.org/10.1007/s00338-021-02185-9</nowiki></ref>São ecossistemas complexos e tridimensionais que sustentam uma rede intrincada de interações entre diferentes espécies.  


Os recifes de corais também desempenham um papel importante na ciclagem de nutrientes nos oceanos. Eles capturam e reciclam nutrientes essenciais, como nitrogênio e fósforo, contribuindo para a produtividade das águas costeiras e do oceano em geral. Além disso, os corais desempenham um papel significativo no sequestro de carbono da atmosfera. Embora os corais sejam organismos que liberam pequenas quantidades de dióxido de carbono durante a noite, eles também o capturam durante a maior parte do dia. O carbono capturado pelos recifes de corais é armazenado no esqueleto de carbonato de cálcio dos corais, que se acumula ao longo do tempo e forma a estrutura sólida dos recifes. Esse processo de sequestro de carbono é conhecido como "bombas de carbono" dos recifes de corais.
Os recifes de corais também desempenham um papel importante na ciclagem de nutrientes nos oceanos. Eles capturam e reciclam nutrientes essenciais, como nitrogênio e fósforo, contribuindo para a produtividade das águas costeiras e do oceano em geral. Além disso, os corais desempenham um papel significativo no sequestro de carbono da atmosfera. Embora os corais sejam organismos que liberam pequenas quantidades de dióxido de carbono durante a noite, eles também o capturam durante a maior parte do dia. O carbono capturado pelos recifes de corais é armazenado no esqueleto de carbonato de cálcio dos corais, que se acumula ao longo do tempo e forma a estrutura sólida dos recifes. Esse processo de sequestro de carbono é conhecido como "bombas de carbono" dos recifes de corais.


Os recifes atuam também como barreiras naturais que reduzem a força das ondas e ajudam a proteger as áreas costeiras contra a erosão causada por tempestades e eventos extremos34 . Eles desempenham um papel fundamental na estabilização das praias e proteção das comunidades costeiras.
Os recifes atuam também como barreiras naturais que reduzem a força das ondas e ajudam a proteger as áreas costeiras contra a erosão causada por tempestades e eventos extremos.<ref>Eddy, T. D., Lam, V. W., Reygondeau, G., Cisneros-Montemayor, A. M., Greer, K., Palomares, M. L. D., ... & Cheung, W. W. (2021). Global decline in capacity of coral reefs to provide ecosystem services. One Earth, 4(9), 1278-1285. </ref> Eles desempenham um papel fundamental na estabilização das praias e proteção das comunidades costeiras.


Os recifes são fontes importantes de recursos pesqueiros, fornecendo alimentos e meios de subsistência para muitas comunidades costeiras em todo o mundo. Eles abrigam uma grande diversidade de espécies de peixes e outros organismos marinhos que são capturados para consumo humano.
Os recifes são fontes importantes de recursos pesqueiros, fornecendo alimentos e meios de subsistência para muitas comunidades costeiras em todo o mundo. Eles abrigam uma grande diversidade de espécies de peixes e outros organismos marinhos que são capturados para consumo humano.
Linha 216: Linha 216:
A zona costeira brasileira é estabelecida como patrimônio nacional na Constituição Federal e compreende uma faixa terrestre de mais de 8500 km e inclui também o mar territorial, correspondente à faixa marinha de 12 milhas náuticas. Apesar do desmatamento e ocupação desordenada, é na zona costeira que se encontra a maior faixa de Mata Atlântica remanescente no país.
A zona costeira brasileira é estabelecida como patrimônio nacional na Constituição Federal e compreende uma faixa terrestre de mais de 8500 km e inclui também o mar territorial, correspondente à faixa marinha de 12 milhas náuticas. Apesar do desmatamento e ocupação desordenada, é na zona costeira que se encontra a maior faixa de Mata Atlântica remanescente no país.


O  Brasil possui um dos mais ricos ecossistemas costeiros do mundo (Knoppers et al., 2009) com manguezais, marismas, recifes de corais, praias arenosas, costões rochosos; assim como  lagoas, estuários, dunas e restingas, que abrigam inúmeras espécies de flora e fauna exclusivas do território brasileiro36. A zona costeira brasileira é uma região de grande importância econômica, social e ambiental, oferecendo uma variedade de serviços ecossistêmicos cruciais para as comunidades humanas e a conservação da biodiversidade.
O  Brasil possui um dos mais ricos ecossistemas costeiros do mundo<ref>Knoppers, B.; Friederichs, W.; Souza, L. de; Ekau, W.; Figueiredoo, A. G.; Soares-Gomes, A. 2009. A interface terra-mar do Brasil. In: Pereira, R. C.; Soares-Gomes, A. Biologia Marinha (2ª ed). Editora Interciência: Rio de Janeiro, p. 209-550. </ref> com manguezais, marismas, recifes de corais, praias arenosas, costões rochosos; assim como  lagoas, estuários, dunas e restingas, que abrigam inúmeras espécies de flora e fauna exclusivas do território brasileiro.<ref>Gergling et al. Manual de ecossistemas: marinhos e costeiros para educadores. Santos, SP: Editora Comunnicar, 2016. Disponível em: <nowiki>https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/ManualEcossistemasMarinhoseCost</nowiki> Masselinkeiros3.pdf. </ref> A zona costeira brasileira é uma região de grande importância econômica, social e ambiental, oferecendo uma variedade de serviços ecossistêmicos cruciais para as comunidades humanas e a conservação da biodiversidade.


Ela é caracterizada por uma combinação única de ecossistemas, que incluem praias, dunas, manguezais, restingas, costões rochosos, estuários, recifes de corais e ilhas. Cada um desses ambientes desempenha um papel fundamental na sustentação da vida marinha e costeira, na proteção costeira contra a erosão e na promoção de atividades recreativas e turísticas.
Ela é caracterizada por uma combinação única de ecossistemas, que incluem praias, dunas, manguezais, restingas, costões rochosos, estuários, recifes de corais e ilhas. Cada um desses ambientes desempenha um papel fundamental na sustentação da vida marinha e costeira, na proteção costeira contra a erosão e na promoção de atividades recreativas e turísticas.
161

edições