Categoria:Socioambiental

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A Amazônia Azul proporciona produtos e serviços essenciais à sobrevivência do homem, representando um patrimônio de valor inestimável para a herança do Brasil, além de abrigar uma ampla variedade de seres vivos dependentes dela. De acordo com a Primeira Avaliação Marinha Integrada Global[1], as áreas costeiras e marinhas bem conservadas contam com diversidade biológica muito maior do que as áreas convertidas, e seus ecossistemas prestam serviços muito mais diversos e efetivos[1].

Entretanto, ações que realizamos tanto no continente como no oceano têm colocado em risco a integridade da Amazônia Azul e comprometido o funcionamento de seus processos. Diversos ecossistemas presentes nos 10.800 km de nosso litoral têm sua sobrevivência ameaçada em razão da ocupação desordenada, da poluição, do desmatamento, entre outros problemas.

Diante disso, faz-se necessário oferecer atenção especial às zonas costeiras. Tais áreas representam uma interface entre o continente e o oceano, e os efeitos decorrentes da ocupação dessas afetam tanto a própria zona costeira quanto o oceano adjacente, podendo se estender além do mar territorial e da zona contígua, avançando para a plataforma continental, ou seja, no caso no Brasil, os ditos efeitos podem se estender por toda a Amazônia Azul.

Além disso, uma preocupação adicional se dá devido às áreas costeiras brasileiras concentrarem grande parte da população do país. Boa parte das grandes cidades brasileiras tiveram seus núcleos urbanos originais estabelecidos nas proximidades costeiras, orientando suas atividades e o desenvolvimento urbano local a partir das frentes d’água nacionais. Assim, atualmente, 13 das 27 capitais, 16 das 28 regiões metropolitanas e 463 municípios localizam-se na Zona Costeira do país, acumulando cerca de 24% da população brasileira[2].

Quanto aos principais usos das zona costeira e marinha, pode-se mencionar: a indústria petrolífera, atividade portuária, geração de energia, mineração, atividade turística, transporte e navegação, construção naval, esportes náuticos, pesca, aquicultura, entre outros. Desses, quase todos estão, segundo o Ministério do Meio Ambiente, na lista das principais ameaças à biodiversidade marinha nacional[3]. Portanto, esses usos são potencialmente causadores de impactos para a Amazônia Azul e, combinados com as características próprias da zona costeira, a tornam vulnerável para a erosão costeira, poluição das águas, perda da biodiversidade, entre outros problemas e riscos.

Ademais, no que tange às mudanças climáticas, além de um imenso reservatório de água do planeta, o oceano também armazena calor e carbono e por isso possui um papel crucial na regulação do clima[4]. Cerca de 30% do dióxido de carbono (CO2) emitido para a atmosfera por ações humanas e 90% do excesso de calor são absorvidos pelo oceano[5].

Com os avanços dos estudos da geologia, constata-se que o clima da Terra nunca foi e nunca será constante. Entretanto, vários estudos indicam que a ocorrência de períodos intercalados de glaciação e interglaciação no passado geológico certamente não são um argumento válido para justificar as mudanças climáticas globais que vem ocorrendo.

O efeito estufa é um fenômeno que ocorre naturalmente e é graças a ele que a temperatura média da superfície do planeta mantém-se em cerca de 15°C. Sem o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria de 18°C abaixo de zero, e as formas de vida seriam bem mais limitadas. Contudo, o avanço tecnológico, desde o século XIX, o crescimento populacional, a industrialização e muitos outros fatores levaram à intensificação da queima de combustíveis fósseis como o Dióxido de Carbono (CO2) e o Metano (CH4), que estão levando a um aumento do efeito estufa para níveis prejudiciais ao planeta.

O aquecimento global envolve tanto a elevação de temperatura da superfície terrestre quanto a da superfície oceânica, e é resultado do aumento exacerbado da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera. O aquecimento dos oceanos é um problema crítico, principalmente pelo fato destes cobrirem aproximadamente 70% da superfície da Terra (Costello et al., 2015), de forma que, seus efeitos incidem sobre o planeta todo.

Esses efeitos são, principalmente: derretimento de mantos de gelo e geleiras, elevação do nível do mar, acidificação dos oceanos, alterações de processos biológicos em escalas celulares e ecossistêmicas e modificação dos estoques pesqueiros. A modificação desses estoques ocorre de quatro principais maneiras: pela fisiologia, por certas combinações de fatores abióticos levando a doenças, pela cadeia alimentar e pelos predadores[6], sendo todos esses fortemente influenciados pela temperatura. Ademais, as mudanças climáticas têm consequências econômicas para pesca, agricultura, navegação, turismo e lazer, proteção costeira e recursos pesqueiros marinhos.

Os tópicos abordados a seguir nessa “wiki” versam sobre as principais atividades realizadas na zona costeira e marinha do Brasil, desde a colonização, e seus potenciais efeitos para a Amazônia Azul, assim como sobre as mudanças climáticas e seus efeitos na zona marinha, incluindo a apresentação dos planos e políticas governamentais para a mitigação dessas mudanças.

  1. 1,0 1,1 NAÇÕES UNIDAS. The First global integrated marine Assessment. New York: ONU, 2016. Disponível em: . Acesso em: 10 dez. 2017
  2. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas. IBGE, 2011. 177p.
  3. BEIRÃO, A. P.; MARQUES, M.; RUSCHEL, R. (org.). O VALOR DO MAR: uma visão integrada dos recursos do oceano do brasil. 2. ed. São Paulo: Essential Idea Editora, 2020. 247 p.
  4. Reid PC, Fischer AC, Lewis-Brown E, Meredith MP, Sparrow M, Andersson AJ, Anita A, Bates NR, Bathmann U, Beaugrand G, et al. 2009. Chapter 1. Impacts of the Oceans on Climate Change. Advances in Marine Biology 56: 1-150.
  5. INTERACADEMY PANEL (IAP). IAP Statement on Ocean Acidification. Trieste, 2009. Disponível em: <https://www.interacademies.org/statement/iap-statement-ocean-acidification>. Acesso em: 26 mai. 2021.
  6. SHEPHERD, J. G; POPE, J. G; COUSENS, R.D. Variations in fish stocks and hypotheses concerning their links with climate. Rapp. P. v. Réun. Cons. int. Explor. Mer, 185: 255-267, 1984.