Mudanças entre as edições de "Colonização do Brasil"

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A ocupação humana do litoral brasileiro era, até a chegada dos europeus, indígena. Segundo dados publicados pela Funai, no ano 1500 a população indígena no território brasileiro era de aproximadamente 3.000.000 habitantes, sendo que aproximadamente 2.000.000 estavam estabelecidos no litoral do país, dispersos por toda sua extensão, e 1.000.000 no interior<ref>FUNAI. Povos indígenas: Quem são. 2013. Disponível em: <<nowiki>https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/povos-indigenas/quem-sao</nowiki>>. Acesso em 16. mar. 2022. </ref>, principalmente próximos da bacia dos rios Paraná-Paraguai<ref name=":0">FAUSTO, B. HISTÓRIA DO BRASIL: História do Brasil cobre um período de mais de quinhentos anos, desde as raízes da colonização portuguesa até nossos dias. Edusp. 1996. Disponível em: <<nowiki>https://www.intaead.com.br/ebooks1/livros/hist%F3ria/12.Hist%F3ria%20do%20Brasil%20-%20Boris%20Fausto%20(Col%F4nia).pdf</nowiki>>. Acesso em 16. mar. 2022. </ref>. Portanto, todo o litoral brasileiro era ocupado por grupos indígenas. Segundo Fausto (1996)<ref name=":0" />, a população indígena pode ser divida em dois grandes blocos: os tupis-guaranis e os tapuias.
A ocupação humana do litoral brasileiro era, até a chegada dos europeus, indígena. Segundo dados publicados pela Funai, no ano 1500 a população indígena no território brasileiro era de aproximadamente 3.000.000 habitantes, sendo que aproximadamente 2.000.000 estavam estabelecidos no litoral do país, dispersos por toda sua extensão, e 1.000.000 no interior<ref>FUNAI. Povos indígenas: Quem são. 2013. Disponível em: <<nowiki>https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/povos-indigenas/quem-sao</nowiki>>. Acesso em 16. mar. 2022. </ref>, principalmente próximos da bacia dos rios Paraná-Paraguai<ref name=":0">FAUSTO, B. HISTÓRIA DO BRASIL: História do Brasil cobre um período de mais de quinhentos anos, desde as raízes da colonização portuguesa até nossos dias. Edusp. 1996. Disponível em: <<nowiki>https://www.intaead.com.br/ebooks1/livros/hist%F3ria/12.Hist%F3ria%20do%20Brasil%20-%20Boris%20Fausto%20(Col%F4nia).pdf</nowiki>>. Acesso em 16. mar. 2022. </ref>. Portanto, todo o litoral brasileiro era ocupado por grupos indígenas. Segundo Fausto (1996)<ref name=":0" />, a população indígena pode ser divida em dois grandes blocos: os tupis-guaranis e os tapuias.


Os tupis-guaranis estendiam-se por quase toda a costa brasileira, desde o Ceará até o Rio Grande do Sul. Entre esses, os tupis (também denominados tupinambás), dominavam desde o Ceará até o estado de São Paulo, e os guaranis localizavam-se principalmente na bacia Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre São Paulo (em Cananéia) e o extremo sul do território que hoje reconhecemos como Brasil. Apesar dessa localização geográfica diversa dos tupis e dos guaranis, fala-se em conjunto tupi-guarani, dada à semelhança de cultura e de língua.  
Os tupis-guaranis estendiam-se por quase toda a costa brasileira, desde o Ceará até o Rio Grande do Sul. Entre esses, os tupis (também denominados tupinambás), dominavam desde o Ceará até o estado de São Paulo, e os guaranis localizavam-se principalmente na bacia Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre São Paulo (em Cananéia) e o extremo sul do território que hoje conhecemos como Brasil. Apesar dessa localização geográfica diversa dos tupis e dos guaranis, fala-se em conjunto tupi-guarani, dada à semelhança de cultura e de língua.  


Em alguns pontos do litoral, a presença tupi-guarani era intercaladas por outros grupos, como os Goitacases na foz do Rio Paraíba, os Aimorés no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo, e os Tremembés na faixa entre o Ceará e o Maranhão. Os tupis-guaranis chamavam essas populações de “Tapuias”, uma palavra genérica usada pelos tupis-guaranis para designar índigenas que falavam outra língua.
Em alguns pontos do litoral, a presença tupi-guarani era intercaladas por outros grupos, como os Goitacases na foz do Rio Paraíba, os Aimorés no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo, e os Tremembés na faixa entre o Ceará e o Maranhão. Os tupis-guaranis chamavam essas populações de “Tapuias”, uma palavra genérica usada pelos tupis-guaranis para designar indígenas que falavam outra língua.


As populações indígenas que ocupavam o litoral praticavam a caça, a pesca, a coleta de frutas e a agricultura, e quando ocorria uma relativa exaustão de alimentos nessas áreas, migravam temporária ou definitivamente para outras regiões. Entretanto, pelo alcance limitado de suas atividades e pela tecnologia rudimentar de que dispunham, estavam longe de produzir efeitos devastadores de degradação ao meio ambiente, em grande escala ou prejudiciais como vemos hoje. Essa é uma realidade que só passou a existir na América após a chegada dos europeus.  
As populações indígenas que ocupavam o litoral praticavam a caça, a pesca, a coleta de frutas e a agricultura, e quando ocorria uma relativa exaustão de alimentos nessas áreas, migravam temporária ou definitivamente para outras regiões. Entretanto, pelo alcance limitado de suas atividades e pela tecnologia rudimentar de que dispunham, estavam longe de produzir efeitos devastadores de degradação ao meio ambiente, em grande escala ou prejudiciais como vemos hoje. Essa é uma realidade que só passou a existir na América após a chegada dos europeus.  
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Assim, após a chegada dos colonizadores portugueses em 1500, a discreta concentração populacional na costa que já existia se fortaleceu, só que a partir de agora com as populações europeias. Tal dinâmica de concentração populacional se dá por diversas razões:
Assim, após a chegada dos colonizadores portugueses em 1500, a discreta concentração populacional na costa que já existia se fortaleceu, só que a partir de agora com as populações europeias. Tal dinâmica de concentração populacional se dá por diversas razões:


* O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, dividia o mundo em dois hemisférios, separados por uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras encontradas a oeste da linha pertenceriam à Espanha; as que se situavam a leste caberiam a Portugal. Com isso, após a chegada dos europeus o que se deu é que quase todo o litoral do Brasil pertencia a Portugal, enquanto que as terras do interior do continente pertenciam à Espanha.  
* O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, dividia o mundo em dois hemisférios, separados por uma linha imaginária que passava a 370 léguas <span style="color:blue" title="1 légua = 4,82 quilômetros, portanto, 370 léguas equivalem a 1.786 quilômetros.">léguas</span> a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras encontradas a oeste da linha pertenceriam à Espanha; as que se situavam a leste caberiam a Portugal. Com isso, após a chegada dos europeus o que se deu é que quase todo o litoral do Brasil pertencia a Portugal, enquanto que as terras do interior do continente pertenciam à Espanha.  


* A exploração e, mais tarde, produção das matérias primas, no Brasil, era voltada para a exportação para Portugal, portanto as regiões próximas do mar seriam mais adequadas logisticamente.
* A exploração e, mais tarde, produção das matérias primas, no Brasil, era voltada para a exportação para Portugal, portanto as regiões próximas do mar seriam mais adequadas logisticamente.
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No que se relaciona à Amazônia Azul, o próprio nome da Mata Atlântica já resgata seu vínculo com o mar. É partindo da costa do Oceano Atlântico que a mata avança Brasil adentro. Dos estados em que a Mata Atlântica está presente, 14 são banhados pelo Oceano Atlântico: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí. Apenas os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais não se limitam com o Atlântico.
No que se relaciona à Amazônia Azul, o próprio nome da Mata Atlântica já resgata seu vínculo com o mar. É partindo da costa do Oceano Atlântico que a mata avança Brasil adentro. Dos estados em que a Mata Atlântica está presente, 14 são banhados pelo Oceano Atlântico: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí. Apenas os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais não se limitam com o Atlântico.


A Mata Atlântica é fruto direto da umidade trazida pelo Atlântico e mistura-se a ele em ricos estuários cobertos por extensos manguezais, recifes de corais, ilhas costeiras e oceânicas. Mamíferos e aves migratórias aumentam essa permanente interdependência, assim como os caiçaras, jangadeiros e outros povos e comunidades tradicionais costeiras que plantam em terra e pescam no mar (LINO, 2003).  
A Mata Atlântica é fruto direto da umidade trazida pelo Atlântico e mistura-se a ele em ricos estuários cobertos por extensos manguezais, recifes de corais, ilhas costeiras e oceânicas. Mamíferos e aves migratórias aumentam essa permanente interdependência, assim como os caiçaras <span style="color:blue" title="Habitantes das zonas litorâneas, normalmente do sudeste e sul, originados da mistura de brancos e índios.">caiçaras</span>, jangadeiros <span style="color:blue" title="Populações tradicionais que vivem no litoral nordestino, na faixa costeira entre o Ceará e o sul da Bahia.">jangadeiros</span> e outros povos e comunidades tradicionais costeiras que plantam em terra e pescam no mar (LINO, 2003).  


Por isso, a degradação irreversível da Mata Atlântica, que começou na colonização, pode trazer fortes consequências também para a Amazônia Azul.
Por isso, a degradação irreversível da Mata Atlântica, que começou na colonização, pode trazer fortes consequências também para a Amazônia Azul.


[category: socioambiental]
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