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'''Impactos na vida marinha''' | '''Impactos na vida marinha''' | ||
As manchas formam camadas na superfície que bloqueiam a | As manchas formam camadas na superfície que bloqueiam a penetração de luz solar na água, dificultando a realização de fotossíntese pelo fitoplâncton e atrapalhando as trocas gasosas do oceano com a atmosfera. Ademais, os hidrocarbonetos do petróleo são contaminantes acumulativos nos sistemas de organismos aquáticos e até mesmo de aves marinhas e terrestres. O óleo pode alterar desde a morfologia e a reprodução do fitoplâncton, até provocar a asfixia de animais da megafauna como peixes, que ao absorver os fluidos, têm suas brânquias obstruídas, impedindo as trocas gasosas com o ambiente. As aves ficam recobertas pelo óleo, impossibilitando o vôo e a regulação térmica, levando-as à morte. Portanto, há uma grande perda de biodiversidade e desequilíbrio de variados ecossistemas em regiões afetadas pelo derramamento de óleo. | ||
'''Impactos na sociedade''' | '''Impactos na sociedade''' | ||
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'''Derramamento de óleo Nordeste, 2019'''<ref>Vieira, D. S. (2021). Derramamento de óleo no litoral do nordeste do Brasil.</ref> | '''Derramamento de óleo Nordeste, 2019'''<ref>Vieira, D. S. (2021). Derramamento de óleo no litoral do nordeste do Brasil.</ref> | ||
Em 30 de agosto de 2019, foi identificado o maior desastre ambiental envolvendo derramamento de petróleo do Brasil. Inicialmente, o óleo apareceu em algumas praias do Nordeste brasileiro e rapidamente se espalhou pelo oceano, atingindo o litoral Sudeste. Investigações do Governo Federal tinham como objetivo descobrir qual a origem do óleo e o local inicial do derramamento. Assim, foi constatado que a fonte principal estaria a mais de 700 quilômetros da costa brasileira e que mais de 2.000 km de praias foram atingidas por cerca de 5.000 toneladas de óleo, incluindo os nove estados do Nordeste, e dois do Sudeste, sendo estes Rio de Janeiro | Em 30 de agosto de 2019, foi identificado o maior desastre ambiental envolvendo derramamento de petróleo do Brasil. Inicialmente, o óleo apareceu em algumas praias do Nordeste brasileiro e rapidamente se espalhou pelo oceano, atingindo o litoral Sudeste. Investigações do Governo Federal tinham como objetivo descobrir qual a origem do óleo e o local inicial do derramamento. Assim, foi constatado que a fonte principal estaria a mais de 700 quilômetros da costa brasileira e que mais de 2.000 km de praias foram atingidas por cerca de 5.000 toneladas de óleo, incluindo os nove estados do Nordeste, e dois do Sudeste, sendo estes Espírito Santo e Rio de Janeiro. | ||
Em outubro de 2019, o governo brasileiro divulgou a compatibilidade do óleo encontrado nas praias com o obtido em campos petrolíferos venezuelanos. (Marinha do Brasil, 2019).<ref>Marinha do Brasil (2019c). Nota à imprensa (25 de outubro de 2019).<nowiki>https://www.marinha.mil.br/sites/default/files/nota_a_imprensa_25ut.pdf</nowiki></ref> Em novembro do mesmo ano, um navio de bandeira grega foi apontado como suspeito da origem do óleo (Ministério Público Federal, 2019).<ref>Ministério Público Federal (2019). Operação Mácula: MPF e PF no RN obtêm mandados envolvendo navio suspeito de derramamento de óleo. <nowiki>https://racismoambiental.net.br/2019/11/02/operacao-macula-mpf-e-pf-no-rn-obtem-mandados-envolvendo-navio-suspeito-de-derramamento-de-oleo/</nowiki></ref> As dificuldades que permearam a averiguação dos fatos se baseiam no caso da posição geográfica da costa brasileira. Isso porque está localizada próxima ao Canal do Panamá, região de intenso tráfego de navios mercantes entre o oceano Pacífico e Atlântico. Ou seja, os danos causados vão além das jurisdições brasileiras, prejudicando assim a identificação dos responsáveis, como também a especificação das possíveis medidas de contenção e recuperação das áreas afetadas. | Em outubro de 2019, o governo brasileiro divulgou a compatibilidade do óleo encontrado nas praias com o obtido em campos petrolíferos venezuelanos. (Marinha do Brasil, 2019).<ref>Marinha do Brasil (2019c). Nota à imprensa (25 de outubro de 2019).<nowiki>https://www.marinha.mil.br/sites/default/files/nota_a_imprensa_25ut.pdf</nowiki></ref> Em novembro do mesmo ano, um navio de bandeira grega foi apontado como suspeito da origem do óleo (Ministério Público Federal, 2019).<ref>Ministério Público Federal (2019). Operação Mácula: MPF e PF no RN obtêm mandados envolvendo navio suspeito de derramamento de óleo. <nowiki>https://racismoambiental.net.br/2019/11/02/operacao-macula-mpf-e-pf-no-rn-obtem-mandados-envolvendo-navio-suspeito-de-derramamento-de-oleo/</nowiki></ref> As dificuldades que permearam a averiguação dos fatos se baseiam no caso da posição geográfica da costa brasileira. Isso porque está localizada próxima ao Canal do Panamá, região de intenso tráfego de navios mercantes entre o oceano Pacífico e Atlântico. Ou seja, os danos causados vão além das jurisdições brasileiras, prejudicando assim a identificação dos responsáveis, como também a especificação das possíveis medidas de contenção e recuperação das áreas afetadas. | ||
Devido a evolução da dispersão do óleo, | Devido a evolução da dispersão do óleo, este foi observado em aproximadamente metade da extensão litorânea do Brasil. As correntes marítimas são as responsáveis pelo espalhamento do petróleo. Neste caso, é provável que a Corrente Sul-equatorial e Corrente do Brasil tenham levado o contaminante a alcançar regiões mais distantes do possível ponto de partida.<ref>BEIRÃO, A. P.; MARQUES, M.; RUSCHEL, R. (org.). O VALOR DO MAR: uma visão integrada dos recursos do oceano do brasil. 2. ed. São Paulo: Essential Idea Editora, 2020. 247 p.</ref> | ||
Além do acometimento de praias, estuários e costões rochosos, ecossistemas como manguezais e recifes de corais também foram comprometidos. A contaminação dos manguezais é ainda preocupante, pois funcionam como zonas de reprodução e berçários para inúmeras espécies. Além disso, do ponto de vista geoquímico, o ambiente retém o contaminante juntamente com o sedimento, uma vez que a lama é altamente porosa. Assim, torna-se complexa a remoção do óleo nessas áreas, fator que desencadeia a mortalidade de diversas espécies que vivem e se reproduzem permanente ou temporariamente ali<ref>UCHÔA, Victor. '''Danos do óleo no litoral do Nordeste vão durar décadas, dizem oceanógrafos'''. 2019. Disponível em: <nowiki>https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50131560</nowiki>. Acesso em: 30 out. 2021.</ref>. | Além do acometimento de praias, estuários e costões rochosos, ecossistemas como manguezais e recifes de corais também foram comprometidos. A contaminação dos manguezais é ainda preocupante, pois funcionam como zonas de reprodução e berçários para inúmeras espécies. Além disso, do ponto de vista geoquímico, o ambiente retém o contaminante juntamente com o sedimento, uma vez que a lama é altamente porosa. Assim, torna-se complexa a remoção do óleo nessas áreas, fator que desencadeia a mortalidade de diversas espécies que vivem e se reproduzem permanente ou temporariamente ali<ref>UCHÔA, Victor. '''Danos do óleo no litoral do Nordeste vão durar décadas, dizem oceanógrafos'''. 2019. Disponível em: <nowiki>https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50131560</nowiki>. Acesso em: 30 out. 2021.</ref>. | ||
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Outro ponto marcante em consequência do acontecimento foi o impacto gerado na economia local. A diminuição na procura por pescado em decorrência da contaminação de peixes e mariscos foi considerável, prejudicando a economia familiar, já que a renda de populações locais foi drasticamente reduzida. Como o Nordeste brasileiro é mundialmente conhecido pela força de seu turismo, este setor também foi atingido. Hotéis e outros meios de hospedagem tiveram suas reservas canceladas e os serviços de bares, restaurantes e quiosques foram minimamente aproveitados neste período. | Outro ponto marcante em consequência do acontecimento foi o impacto gerado na economia local. A diminuição na procura por pescado em decorrência da contaminação de peixes e mariscos foi considerável, prejudicando a economia familiar, já que a renda de populações locais foi drasticamente reduzida. Como o Nordeste brasileiro é mundialmente conhecido pela força de seu turismo, este setor também foi atingido. Hotéis e outros meios de hospedagem tiveram suas reservas canceladas e os serviços de bares, restaurantes e quiosques foram minimamente aproveitados neste período. | ||
Pesquisas continuam sendo desenvolvidas para a obtenção de mais informações sobre a catástrofe ocorrida e sobre as ações que ainda devem ser executadas no presente e no futuro, a fim de atenuar os efeitos do derramamento de óleo e evitar que acidentes e crimes ambientais continuem ocorrendo. As investigações foram concluídas pela Polícia Federal em dezembro de 2021. Indícios apontam para um navio petroleiro grego como responsável do crime ambiental. Os responsáveis foram | Pesquisas continuam sendo desenvolvidas para a obtenção de mais informações sobre a catástrofe ocorrida e sobre as ações que ainda devem ser executadas no presente e no futuro, a fim de atenuar os efeitos do derramamento de óleo e evitar que acidentes e crimes ambientais continuem ocorrendo. As investigações foram concluídas pela Polícia Federal em dezembro de 2021. Indícios apontam para um navio petroleiro grego como responsável do crime ambiental. Os responsáveis foram acusados por crimes de dano a unidades de conservação, polução e descumprimento de obrigação ambiental (previstos nos Artigos 40, 54 e 68, respectivamente, da Lei 9.605/98<ref>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm</ref>). | ||
'''Efeitos de barragens''' | '''Efeitos de barragens''' |
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