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Ao entrar em contato com o óleo, os animais marinhos de valor comercial passam a representar uma ameaça à economia. A contaminação em massa de recursos pesqueiros provoca uma alta taxa de mortalidade, e consequentemente um prejuízo econômico para pescadores e maricultores. Assim, comunidades tradicionais e o comércio são fragilizados, sendo necessária a busca por outras alternativas para meios de subsistência e lucro.<ref>Gonçalves, L. R., Webster, D. G., Young, O., Polette, M., & Turra, A. (2020). The Brazilian Blue Amazon under threat: Why has the oil spill continued for so long?. Ambiente & Sociedade, 23.</ref> | Ao entrar em contato com o óleo, os animais marinhos de valor comercial passam a representar uma ameaça à economia. A contaminação em massa de recursos pesqueiros provoca uma alta taxa de mortalidade, e consequentemente um prejuízo econômico para pescadores e maricultores. Assim, comunidades tradicionais e o comércio são fragilizados, sendo necessária a busca por outras alternativas para meios de subsistência e lucro.<ref>Gonçalves, L. R., Webster, D. G., Young, O., Polette, M., & Turra, A. (2020). The Brazilian Blue Amazon under threat: Why has the oil spill continued for so long?. Ambiente & Sociedade, 23.</ref> | ||
'''Derramamento de óleo Nordeste, 2019''' | '''Derramamento de óleo Nordeste, 2019'''<ref>Vieira, D. S. (2021). Derramamento de óleo no litoral do nordeste do Brasil.</ref> | ||
Em 30 de agosto de 2019, foi identificado o maior desastre ambiental envolvendo derramamento de petróleo do Brasil. Inicialmente, o óleo apareceu em algumas praias do Nordeste brasileiro e rapidamente se espalhou pelo oceano, atingindo o litoral Sudeste. Investigações do Governo Federal tinham como objetivo descobrir qual a origem do óleo e o local inicial do derramamento. Assim, foi constatado que a fonte principal estaria a mais de 700 quilômetros da costa brasileira e que mais de 2.000 km de praias foram atingidas por cerca de 5.000 toneladas de óleo, incluindo os nove estados do Nordeste, e dois do Sudeste, sendo estes Rio de Janeiro e Espírito Santo. | Em 30 de agosto de 2019, foi identificado o maior desastre ambiental envolvendo derramamento de petróleo do Brasil. Inicialmente, o óleo apareceu em algumas praias do Nordeste brasileiro e rapidamente se espalhou pelo oceano, atingindo o litoral Sudeste. Investigações do Governo Federal tinham como objetivo descobrir qual a origem do óleo e o local inicial do derramamento. Assim, foi constatado que a fonte principal estaria a mais de 700 quilômetros da costa brasileira e que mais de 2.000 km de praias foram atingidas por cerca de 5.000 toneladas de óleo, incluindo os nove estados do Nordeste, e dois do Sudeste, sendo estes Rio de Janeiro e Espírito Santo. | ||
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Em outubro de 2019, o governo brasileiro divulgou a compatibilidade do óleo encontrado nas praias com o obtido em campos petrolíferos venezuelanos. (Marinha do Brasil, 2019). Em novembro do mesmo ano, um navio de bandeira grega foi apontado como suspeito da origem do óleo (Ministério Público Federal, 2019). As dificuldades que permearam a averiguação dos fatos se baseiam no caso da posição geográfica da costa brasileira. Isso porque está localizada próxima ao Canal do Panamá, região de intenso tráfego de navios mercantes entre o oceano Pacífico e Atlântico. Ou seja, os danos causados vão além das jurisdições brasileiras, prejudicando assim a identificação dos responsáveis, como também a especificação das possíveis medidas de contenção e recuperação das áreas afetadas. | Em outubro de 2019, o governo brasileiro divulgou a compatibilidade do óleo encontrado nas praias com o obtido em campos petrolíferos venezuelanos. (Marinha do Brasil, 2019). Em novembro do mesmo ano, um navio de bandeira grega foi apontado como suspeito da origem do óleo (Ministério Público Federal, 2019). As dificuldades que permearam a averiguação dos fatos se baseiam no caso da posição geográfica da costa brasileira. Isso porque está localizada próxima ao Canal do Panamá, região de intenso tráfego de navios mercantes entre o oceano Pacífico e Atlântico. Ou seja, os danos causados vão além das jurisdições brasileiras, prejudicando assim a identificação dos responsáveis, como também a especificação das possíveis medidas de contenção e recuperação das áreas afetadas. | ||
Devido a evolução da dispersão do óleo, sua presença foi notada em aproximadamente metade da extensão litorânea do Brasil. As correntes marítimas são as responsáveis pelo espalhamento do petróleo. Neste caso, é provável que a Corrente Sul-equatorial e Corrente do Brasil tenham levado o contaminante a alcançar regiões mais distantes do possível ponto de partida. | Devido a evolução da dispersão do óleo, sua presença foi notada em aproximadamente metade da extensão litorânea do Brasil. As correntes marítimas são as responsáveis pelo espalhamento do petróleo. Neste caso, é provável que a Corrente Sul-equatorial e Corrente do Brasil tenham levado o contaminante a alcançar regiões mais distantes do possível ponto de partida.<ref>BEIRÃO, A. P.; MARQUES, M.; RUSCHEL, R. (org.). O VALOR DO MAR: uma visão integrada dos recursos do oceano do brasil. 2. ed. São Paulo: Essential Idea Editora, 2020. 247 p.</ref> | ||
Além do acometimento de praias, estuários e costões rochosos, ecossistemas como manguezais e recifes de corais também foram comprometidos. A contaminação dos manguezais é ainda preocupante, pois funcionam como zonas de reprodução e berçários para inúmeras espécies. Além disso, do ponto de vista geoquímico, o ambiente retém o contaminante juntamente com o sedimento, uma vez que a lama é altamente porosa. Assim, torna-se complexa a remoção do óleo nessas áreas, fator que desencadeia a mortalidade de diversas espécies que vivem e se reproduzem permanente ou temporariamente ali. | Além do acometimento de praias, estuários e costões rochosos, ecossistemas como manguezais e recifes de corais também foram comprometidos. A contaminação dos manguezais é ainda preocupante, pois funcionam como zonas de reprodução e berçários para inúmeras espécies. Além disso, do ponto de vista geoquímico, o ambiente retém o contaminante juntamente com o sedimento, uma vez que a lama é altamente porosa. Assim, torna-se complexa a remoção do óleo nessas áreas, fator que desencadeia a mortalidade de diversas espécies que vivem e se reproduzem permanente ou temporariamente ali<ref>UCHÔA, Victor. '''Danos do óleo no litoral do Nordeste vão durar décadas, dizem oceanógrafos'''. 2019. Disponível em: <nowiki>https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50131560</nowiki>. Acesso em: 30 out. 2021.</ref>. | ||
Outro ponto marcante em consequência do acontecimento foi o impacto gerado na economia local. A diminuição na procura por pescado em decorrência da contaminação de peixes e mariscos foi considerável, prejudicando a economia familiar, já que a renda de populações locais foi drasticamente reduzida. Como o Nordeste brasileiro é mundialmente conhecido pela força de seu turismo, este setor também foi atingido. Hotéis e outros meios de hospedagem tiveram suas reservas canceladas e os serviços de bares, restaurantes e quiosques foram minimamente aproveitados neste período. | Outro ponto marcante em consequência do acontecimento foi o impacto gerado na economia local. A diminuição na procura por pescado em decorrência da contaminação de peixes e mariscos foi considerável, prejudicando a economia familiar, já que a renda de populações locais foi drasticamente reduzida. Como o Nordeste brasileiro é mundialmente conhecido pela força de seu turismo, este setor também foi atingido. Hotéis e outros meios de hospedagem tiveram suas reservas canceladas e os serviços de bares, restaurantes e quiosques foram minimamente aproveitados neste período. |
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