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4.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos | 4.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos | ||
Marismas, também conhecidos por pântanos salobros (salt marshes em inglês) são ecossistemas costeiros entremarés | Marismas, também conhecidos por pântanos salobros (salt marshes em inglês) são ecossistemas costeiros entremarés caracterizados por vegetação herbácea resistente à salinidade, principalmente gramíneas (''Spartina alterniflora''), juncos (''Juncus effusus'') e ervas, que são inundadas periodicamente por marés de água salgada. | ||
As marismas são formadas por sedimentos costeiros e fluviais que acumulam matéria orgânica, criando um ambiente rico em nutrientes que suporta uma diversidade de espécies de plantas e animais. As condições físicas das marismas, como salinidade, umidade do solo e frequência de inundações, variam significativamente, influenciando na distribuição e na diversidade de | As marismas são formadas por sedimentos costeiros e fluviais que acumulam matéria orgânica, criando um ambiente rico em nutrientes que suporta uma diversidade de espécies de plantas e animais. As condições físicas das marismas, como salinidade, umidade do solo e frequência de inundações, variam significativamente, influenciando na distribuição e na diversidade de espécies.<ref>Bertness, M. D. (1999). The ecology of Atlantic shorelines (Vol. 417). Sinauer Associates Sunderland.</ref> | ||
Geralmente localizadas em zonas temperadas e subtropicais desempenham um papel crucial na filtragem de poluentes, estabilização da linha de costa e fornecimento de habitats para uma variedade de vida | Geralmente localizadas em zonas temperadas e subtropicais desempenham um papel crucial na filtragem de poluentes, estabilização da linha de costa e fornecimento de habitats para uma variedade de vida selvagem.<ref>Adam, P. (1993). Saltmarsh ecology. Cambridge University Press</ref> No Brasil, os marismas, ou pântanos salobros estão presentes em estuários, lagunas e baías ao longo da costa dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.<ref>Schaeffer-Novelli, Y. et al. 2016.Climate changes in mangrove forests and salt marshes.Brazilian Journal of Oceanography, 64, 37-52</ref> Bancos de Spartina spp. são também observados no litoral sul de São Paulo (Cananéia) e Paraná. | ||
Esses ecossistemas são um dos mais eficientes no sequestro de carbono do mundo. Pois capturam | Esses ecossistemas são um dos mais eficientes no sequestro de carbono do mundo. Pois capturam CO<sup>2</sup> da atmosfera armazenando no solo de forma muito mais eficaz do que a maioria dos outros ecossistemas terrestres.<ref>(Chmura et al., 2003)</ref> Além disso, as marismas oferecem um valioso serviço de proteção da linha de costa, reduzindo a energia das ondas e minimizando a erosão costeira.<ref>Feagin, R. A., Mukherjee, N., Shanker, K., Baird, A. H., Cinner, J., Kerr, A. M., Koedam, N., Sridhar, A., Arthur, R., & Jayatissa, L. P. (2010). Shelter from the storm? Use and misuse of coastal vegetation bioshields for managing natural disasters. Conservation Letters, 3(1), 1–11.</ref> Especialmente nas atuais condições de aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos.<ref>Masson-Delmotte, V., Zhai, P., Pirani, A., Connors, S. L., Péan, C., Berger, S., Caud, N., Chen, Y., Goldfarb, L., Gomis, M. I., Huang, M., Leitzell, K., Lonnoy, E., Matthews, J. B. R., Maycock, T. K., Waterfield, T., Yelekçi, O., Yu, R., & Zhou, B. (2021). IPCC, 2021: Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change.</ref> | ||
Esses ecossistemas costeiros são caracterizados por condições extremas de salinidade e temperatura, sendo frequentemente hipersalinos. A vegetação dominante nessas áreas é composta por angiospermas herbáceas adaptadas a essas variações ambientais. | Esses ecossistemas costeiros são caracterizados por condições extremas de salinidade e temperatura, sendo frequentemente hipersalinos. A vegetação dominante nessas áreas é composta por angiospermas herbáceas adaptadas a essas variações ambientais. | ||
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5.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos | 5.1 Definições, características gerais e serviços ecossistêmicos | ||
Os leitos de macrófitas (plantas superiores – angiospermas) marinhas são definidos por sistemas dominados por plantas com flores, encontrados em águas rasas costeiras salgadas e salobras, em todo o mundo (com exceção das regiões polares). Alguns leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em áreas entremarés | Os leitos de macrófitas (plantas superiores – angiospermas) marinhas são definidos por sistemas dominados por plantas com flores, encontrados em águas rasas costeiras salgadas e salobras, em todo o mundo (com exceção das regiões polares). Alguns leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em áreas entremarés baixas.<ref>He, Q; Silliman, B. R. 2019. Climate Change, Human Impacts, and Coastal Ecosystems in the Anthropocene, Current Biology, Volume 29, Issue 19, p. R1021-R1035, ISSN 0960-9822, <nowiki>https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.08.042</nowiki>.</ref> | ||
Elas compõem um grupo de espécies de plantas que se adaptaram para viver submersas inteiramente em ambiente marinho. Apenas para fins comparativos, atualmente existem cerca de 60 espécies de ervas marinhas ao redor do globo, enquanto há, aproximadamente, 250.000 espécies terrestres de angiospermas . | Elas compõem um grupo de espécies de plantas que se adaptaram para viver submersas inteiramente em ambiente marinho. Apenas para fins comparativos, atualmente existem cerca de 60 espécies de ervas marinhas ao redor do globo, enquanto há, aproximadamente, 250.000 espécies terrestres de angiospermas . | ||
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Para as macrófitas marinhas sobreviverem inteiramente submersas, muitas adaptações evolutivas ocorreram durante o tempo e impactam diretamente o ambiente das águas costeiras. Por exemplo, essas plantas são capazes de alterar o fluxo de água, realizar a ciclagem de nutrientes, além de participarem da teia alimentar desses ecossistemas, como por exemplo, de tartarugas marinhas verdes, dugongos e peixes-boi, além de fornecem habitat crítico para muitos animais, incluindo espécies pesqueiras comercialmente e recreativamente importantes. | Para as macrófitas marinhas sobreviverem inteiramente submersas, muitas adaptações evolutivas ocorreram durante o tempo e impactam diretamente o ambiente das águas costeiras. Por exemplo, essas plantas são capazes de alterar o fluxo de água, realizar a ciclagem de nutrientes, além de participarem da teia alimentar desses ecossistemas, como por exemplo, de tartarugas marinhas verdes, dugongos e peixes-boi, além de fornecem habitat crítico para muitos animais, incluindo espécies pesqueiras comercialmente e recreativamente importantes. | ||
Algumas das adaptações evolutivas das ervas marinhas incluem o transporte interno de gás, <span style="color:blue" title="Organelas presentes nas células de plantas e algas, responsáveis pelo processo de fotossíntese.">cloroplastos</span> epidérmicos, polinização submarina e dispersão marinha. Além disso, para fornecer oxigênio às suas raízes e rizomas as macrófitas marinhas necessitam de altos níveis de luz. Inclusive, existem estudos que indicam que esses leitos servem como sentinelas ambientais, alertando possíveis alterações biológicas. Isso significa que essas plantas são muito vulneráveis às mudanças | Algumas das adaptações evolutivas das ervas marinhas incluem o transporte interno de gás, <span style="color:blue" title="Organelas presentes nas células de plantas e algas, responsáveis pelo processo de fotossíntese.">cloroplastos</span> epidérmicos, polinização submarina e dispersão marinha. Além disso, para fornecer oxigênio às suas raízes e rizomas as macrófitas marinhas necessitam de altos níveis de luz. Inclusive, existem estudos que indicam que esses leitos servem como sentinelas ambientais, alertando possíveis alterações biológicas. Isso significa que essas plantas são muito vulneráveis às mudanças ambientais.<ref>Orth, R. J., Carruther S, T. J. B., Dennison, W. C., Duarte, C. M., Fourqurean, J. W., Heck, K. L., … Williams, S. L. 2006. A Global Crisis for Seagrass Ecosystems. BioScience, 56(12), 987. doi:10.1641/0006-3568(2006)56[987:agcfse]2.0.co;2 </ref> Os leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em diferentes regiões costeiras ao redor do mundo. Sua distribuição está relacionada a fatores como a temperatura da água, salinidade, disponibilidade de luz e substrato adequado. As regiões onde os leitos de macrófitas marinhas são mais comuns incluem regiões temperadas, tropicais e subtropicais. | ||
Os leitos de macrófitas marinhas podem ocorrer em diferentes regiões costeiras ao redor do mundo. Sua distribuição está relacionada a fatores como a temperatura da água, salinidade, disponibilidade de luz e substrato adequado. As regiões onde os leitos de macrófitas marinhas são mais comuns incluem regiões temperadas, tropicais e subtropicais. | |||
Em áreas de clima temperado, os leitos de macrófitas marinhas são encontrados principalmente nas costas de regiões como o noroeste do Pacífico, nordeste do Atlântico (incluindo o norte da Europa) e o sul da Austrália. Nessas regiões, as macrófitas marinhas mais comuns são as ervas marinhas, como as da família Zosteraceae (Zostera marina). | Em áreas de clima temperado, os leitos de macrófitas marinhas são encontrados principalmente nas costas de regiões como o noroeste do Pacífico, nordeste do Atlântico (incluindo o norte da Europa) e o sul da Austrália. Nessas regiões, as macrófitas marinhas mais comuns são as ervas marinhas, como as da família Zosteraceae (Zostera marina). |
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